Ciência e Tecnologia

Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida

Rakus, um orangotango de Sumatra, na Indonésia, foi visto utilizando uma pasta feita plantas para curar machucado no rosto

Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida
Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida Imagem: Armas/BBC

ANÚNCIO

Pela primeira na natureza cientistas observaram um animal se automedicando. Um orangotango de Sumatra, Indonésia, utilizou uma espécie de pasta à base de plantas para curar uma ferida na bochecha. O caso ocorreu em 2022.

ANÚNCIO

De acordo com os biólogos, após Rakus aplicar o cataplasma de plantas no rosto, a ferida cicatrizou em um mês. Ainda segundo os estudiosos, o comportamento observado pode ter sido herdado de um ancestral comum dos humanos e grandes símios.

“Eles são os nossos parentes mais próximos e isso aponta novamente para as semelhanças que temos com eles. Somos mais parecidos do que diferentes”, explicou a bióloga Isabella Laumer, do Instituto Max Planck, na Alemanha, e co-autora da pesquisa.

Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida
Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida Imagem: Armas/BBC

Ferimento ocorreu em 2022

O orangotango foi avistado em 2022 por pesquisadores no Parque Nacional Gunung Leuser, na Indonésia. Ele estava com um grande machucado na bochecha. O ferimento provavelmente aconteceu após uma luta com animais rivais.

Em seguida, a equipe de pesquisa observou Rakus mastigando o caule e as folhas da Akar Kuning, uma planta antiinflamatória e antibacteriana que também é utilizada pelos locais para tratar malária e diabetes.

O líquido foi aplicado pelo próprio orangotango em sua bochecha por sete minutos. Depois espalhou as folhas que havia mastigado pelo ferimento, cobrindo todo ele. Em seguida continuou se alimentando da Akar Kuning por 30 minutos.

Após a automedicação, nenhuma infecção foi observada e a ferida fechou em cinco dias, segundo os estudiosos, e curada totalmente em um mês.

ANÚNCIO

“Ele aplicou a pasta repetidamente e, mais tarde, também aplicou uma matéria vegetal mais sólida da planta. Todo o processo durou realmente um tempo considerável. É por isso que acreditamos que ele a aplicou intencionalmente”, comenta a bióloga Laumer.

Um outro comportamento ‘anormal’ observado pelo grupo de pesquisa foi Rakus descansando por muito mais tempo do que o normal, indicando que, possivelmente, ele estava tentando se recuperar.

Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida
Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida Imagem: reprodução Nature/Safruddin

Caso inédito

Na década de 60, a bióloga Jane Goodall observou folhas inteiras nas fezes de chimpanzés, e outros especialistas viram grandes primatas engolindo folhas com propriedades medicinais, contudo, foi a primeira vez que um animal selvagem foi visto aplicando uma planta diretamente na ferida.

Para Laumer, provavelmente foi a primeira vez que Rakus realizou o tratamento.

“Pode ser que ele acidentalmente tenha tocado a ferida com o dedo que continha a planta. E então, como a planta destruiu substâncias poderosas para aliviar a dor, ele pode ter sentido um alívio imediato, o que o fez aplicá-la repetidas vezes”.

Uma outra teoria é que ele aprendeu a prática observando outros de seu grupo. Agora a ideia é observar outros orangotangos para tentar detectar o mesmo comportamento.

“Acho que nos próximos anos descobriremos ainda mais comportamentos e mais habilidades que são muito semelhantes às humanas”, sugere a bióloga.

Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida
Pela primeira vez, orangotango é visto se automedicando com planta para curar ferida Imagem: Safruddin

*Com informações de g1, BBC e Scientific Reports.

ANÚNCIO

Recomendado:

Tags


Últimas Notícias