Práticas como a agricultura, mineração e desmatamento levaram vários governos a observar com preocupação como a biodiversidade das plantas está em risco, pois nos últimos 250 anos foram perdidos pelo menos 600 exemplares, desde árvores até rosas. É por isso que nos cantos gelados da Noruega foi criada uma cúpula que protege a vida das plantas e, ao mesmo tempo, garante a existência da humanidade.
O Banco de Sementes
A Cápsula Global de Sementes de Svalbard é um projeto em que mais de 150 países colaboraram juntos para garantir o futuro da biodiversidade das plantas. Através de uma estratégia que visa coletar exemplares de cada semente existente no mundo para seu armazenamento correspondente.
A chamada "Bóveda do Fim do Mundo" serve como um depósito onde cada um dos bancos de sementes do mundo guarda exemplares de suas plantas no caso de uma possível guerra mundial ou de uma catástrofe natural levar à extinção de uma espécie vegetal.
Esta estratégia de backup genético, que conseguiu abrigar mais de um milhão de sementes de todos os cantos do planeta e que representa a evolução de 10.000 anos de história agrícola, busca garantir o futuro nos processos de alimentação para toda a humanidade. Isso se deve ao fato de que, no caso de ocorrer uma crise alimentar por falta de diversidade de grãos, seja possível contar com as ferramentas necessárias para enfrentá-la.
A abóbada é uma fortaleza impenetrável
O fundador do Banco de Sementes de Svalbard, Cary Fowler, propôs a ideia de construir esta estrutura na Noruega devido ao fato de ser um local de difícil acesso para qualquer pessoa, uma vez que nenhum estudioso ou cientista tem permissão para entrar, a não ser que seja para adicionar ou retirar alguma amostra, e, mais importante, “É um local que garante a conservação das sementes, pois em caso de falhas elétricas, as densas camadas de gelo que cobrem o edifício serviriam como um refrigerador natural, mantendo temperaturas de pelo menos 5 graus abaixo de zero”.
Deve-se mencionar que, durante os 16 anos em que o edifício existe, ele só foi aberto uma vez, durante a guerra civil na Síria. Após o conflito bélico ser resolvido, o governo sírio solicitou aos responsáveis pelo armazenamento da adega que retirassem as sementes de algumas plantas que foram perdidas durante o conflito.
Este exemplo demonstrou a importância de ter um respaldo genético para as sementes e reafirmou a ideia de continuar fortalecendo iniciativas como esta para garantir um futuro próspero em termos de biodiversidade.
Como as sementes são cuidadas?
Os espécimes de plantas são guardados numa estrutura com 130 metros de profundidade. Esta estrutura está localizada nas montanhas congeladas e situa-se a mais de 130 metros acima do nível do mar. Isto é feito para garantir que todas as sementes sejam conservadas da melhor maneira possível.
Uma das coisas que mais surpreendem as pessoas ao falar da "Arca de Noé, das plantas" é que sua estrutura foi projetada para resistir a erupções vulcânicas, terremotos de até 10 graus na escala Richter e à radiação solar.
Esta é uma alternativa para o futuro, mas não é a solução
Apesar de que o Banco de sementes de Svalbard seja um avanço para a conservação da biodiversidade vegetal, é importante reconhecer que essas alternativas não são uma solução completa para problemas como desmatamento, pecuária e exploração do solo. Para lidar com esse tipo de problemas, é necessário implementar estratégias como agricultura sustentável, uso de energias renováveis e redução de combustíveis fósseis, com o objetivo de que as plantas não precisem ser guardadas, mas sim cultivadas sem correr o risco de desaparecerem.