Se você for encontrado conectado ao X a partir do Brasil, prepare-se: a multa é muito alta. A proibição do X afeta a liberdade de expressão. O ministro do STF Alexandre de Moraes, responsável pela decisão, assinou a ordem que retira a plataforma de Elon Musk de circulação e estabelece multas de R$ 50 mil diários (quase 9000 dólares) para quem acessar usando métodos alternativos como VPN.
No entanto, o uso dessas alternativas tem aumentado. Você sabe o que é? É recomendado seu uso? O governo brasileiro poderia multá-lo da mesma forma? Essas dúvidas foram esclarecidas por vários especialistas no país da polêmica.
Proibição de X: O que é uma VPN?
Uma VPN ou rede privada virtual cria uma conexão de rede privada entre dispositivos através da Internet. As VPNs são usadas para transmitir dados de forma segura e anônima através de redes públicas. Seu funcionamento envolve ocultar os endereços IP dos usuários e criptografar os dados para que ninguém não autorizado possa lê-los.
Para que serve uma VPN?
Os serviços de VPN são utilizados principalmente para enviar dados de forma segura pela Internet. As três funções principais das VPN são:
1. Privacidade
Sem uma rede privada virtual, é possível acessar seus dados pessoais, como senhas, informações de cartões de crédito e histórico de navegação, e vendê-los a terceiros. As VPNs utilizam criptografia para manter a privacidade dessas informações confidenciais, especialmente ao se conectar através de redes Wi-Fi públicas.
2. Anonimato
O seu endereço IP contém informações sobre a sua localização e atividade de navegação. Todos os sites da Internet rastreiam esses dados por meio de cookies e outras tecnologias semelhantes. Eles podem identificá-lo sempre que os visita. Uma conexão VPN oculta o seu endereço IP para que permaneça anônimo na Internet.
3. Segurança
As VPNs usam criptografia para proteger sua conexão com a Internet de acessos não autorizados. Também pode atuar como um mecanismo de desligamento, encerrando programas pré-selecionados em caso de atividade suspeita na Internet. Isso reduz a probabilidade de comprometimento dos dados. Essas características permitem que as empresas concedam acesso remoto aos usuários autorizados por meio de suas redes corporativas.
O uso de VPN cresce 1600% no Brasil
O uso de VPN aumentou nestes dias de polêmica em até 1600%, conforme confirmado por uma análise do site VPNMentor. Esta plataforma busca que as pessoas encontrem e usem essas redes privadas para proteger sua privacidade. No entanto, algumas fontes afirmam que o Moraes se reuniu com a Apple e o Google para “implementar barreiras tecnológicas para evitar o uso do aplicativo X por parte dos usuários de dispositivos móveis com sistemas iOS e Android”.
Isso pode gerar dificuldades ao tentar baixar VPN nas lojas de aplicativos móveis. No entanto, o crescimento das VPNs cresceu 469% no primeiro dia de bloqueio e atingiu 1600% em 31 de agosto. Para comparar a magnitude desses números, após o bloqueio temporário do X na Venezuela, foi detectado um aumento de VPN de apenas 150%. Já era alto, mas no Brasil foi mais impactante.
Eles podem detectar se estou usando VPN para acessar X?
A especialista em direito Catherine Smirnova, sócia e advogada da Digital and Analogue Partners, explicou ao Cointelegraph em 3 de setembro parte dessa polêmica. Por um lado: se é legal ter uma VPN em um smartphone no Brasil.
Mas agora é ilegal usá-la para acessar X. No entanto, não há "quase nenhuma possibilidade" de provar que um usuário que lê X através de uma VPN está violando a ordem judicial, sugeriu Smirnova. A especialista afirmou: "Embora ainda seja uma violação da ordem judicial, em 99% dos casos, essa violação é quase impossível de provar. Quando se trata de publicar em X, vemos a situação oposta".
Operadores de VPN que conversaram com o referido veículo no Brasil concordam que rastrear os brasileiros que acessam X através de VPN seria um desafio para as autoridades locais.
"Neste momento, parece difícil imaginar como as multas propostas pelo governo brasileiro às pessoas que usam VPN para acessar X poderiam ser implementadas do ponto de vista técnico", disse um porta-voz do provedor de VPN Surfshark ao Cointelegraph.
Marijus Briedis, diretor de tecnologia da NordVPN, explica de forma simples: "Assumindo que não haja vazamentos de dados, se um usuário estiver usando uma VPN, seu provedor de serviços de internet (ISP) só verá que o usuário está usando uma VPN, mas não poderá determinar quais sites estão sendo visitados".
Elon Musk se manifesta
Obviamente, Elon Musk, dono da X (ex-Twitter), não pode ficar em silêncio diante dessa situação. Entre suas declarações nos últimos dias, destaca-se a seguinte: “a liberdade de expressão é a base da democracia e um pseudo-juiz não eleito no Brasil a está destruindo com fins políticos”.
E aparentemente, isso tem gerado uma sensação de insegurança no país. Associated Press assegura em um artigo que, embora o VPN não seja tão utilizado no Brasil como em outros países do Ocidente ou Europa, muitas pessoas afirmam que sem ele, se sentem desconectadas do mundo. Outras pessoas têm medo de que essa restrição possa ser ideológica ou com o objetivo de censurar conteúdo. “Eu usei VPN muitas vezes em países autoritários como a China para continuar acessando sites de notícias ou redes sociais”, afirmou um professor universitário brasileiro à agência. “Nunca passou pela minha cabeça que esse tipo de ferramenta seria proibida no Brasil. É distópico,” acrescentou.