Ciência e Tecnologia

Esta gigantesca boia dourada converte a energia bruta do oceano em uma fonte de eletricidade limpa

A energia das ondas poderia ser uma nova fonte de energia?

Em Novembro de 2023, a tempestade atlântica Domingos atingiu a costa norte de Portugal, gerando ondas gigantes e causando destruição na Europa Ocidental. Enquanto as casas inundavam e as estradas desabavam, uma boia dourada flutuava calmamente ao largo da costa, convertendo a energia dessas mesmas ondas em eletricidade.

Esta boia, construída pela empresa sueca CorPower, é um dispositivo de energia das ondas que promete transformar o mundo das energias renováveis.

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A CorPower afirma que sua tecnologia é pelo menos cinco vezes mais eficiente que as soluções anteriores. O seu sucesso em sobreviver às duras condições do oceano criou grandes expectativas numa indústria atormentada por fracassos. Hoje, depois de receber um investimento recorde de 32 milhões de euros, a CorPower poderá ser a chave para que a energia das ondas se torne uma realidade comercial.

Energia das ondas: uma fonte inexplorada de potencial ilimitado?

A energia das ondas atraiu a atenção global, especialmente porque oferece um fluxo constante de energia. Embora a energia solar e eólica dependa das condições climáticas, as ondas estão disponíveis 90% do tempo. De acordo com Amin Al-Habaibeh, especialista em energia das ondas, se conseguirmos aproveitar de forma rentável o seu potencial, poderemos ter uma enorme fonte de energia para o planeta.

Apesar da sua promessa, os dispositivos de energia das ondas geraram apenas 1 MW de electricidade na Europa no ano passado, o suficiente para abastecer apenas cerca de 1.000 casas. No entanto, a CorPower acredita que a sua tecnologia pode mudar isso, aproximando a energia das ondas do nível da energia solar, eólica e hidroeléctrica.

Inspiração no coração humano: o segredo por trás da CorPower

Curiosamente, a tecnologia da CorPower não foi inspirada no oceano, mas nas batidas do coração humano. O sistema da empresa é baseado na bomba dinâmica de pistão adaptativo, patenteada pelo cardiologista sueco Stig Lundbäck em 1984. Tal como o coração, que bombeia o sangue utilizando energia apenas em momentos-chave, a boia CorPower converte o movimento das ondas em eletricidade com uma eficiência impressionante.

O dispositivo C4 da CorPower é um absorvedor pontual, uma bóia flutuante de 70 toneladas que converte o movimento das ondas em energia. Através de um complexo sistema de molas e engrenagens, a bóia capta a força de cada onda e a converte em energia rotacional, que aciona um gerador para produzir eletricidade. Além disso, utiliza algoritmos avançados que prevêem o movimento das ondas que chegam, otimizando a quantidade de energia captada.

Um futuro promissor: grandes projetos e novas oportunidades

Após um teste bem-sucedido em 2023, onde o C4 atingiu uma potência máxima de 600 kW, a CorPower tem ambiciosos planos de expansão. A empresa já está a construir mais três bóias para implantar na costa de Portugal em 2026 e assinou acordos com a concessionária irlandesa ESB para instalar mais 14 dispositivos.

Quando estiverem operacionais, estes serão os primeiros parques de ondas comerciais do mundo, com capacidade para gerar 30 MW de eletricidade, o suficiente para abastecer 30 mil residências.

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O sucesso da CorPower depende da sua capacidade de reduzir custos. A empresa estima que o seu sistema poderá gerar eletricidade a um custo nivelado de 71€/MWh, aproximando-se do custo da energia solar fotovoltaica em grande escala, que ronda os 55€/MWh.

Uma nova era para a energia das ondas?

Embora a energia das ondas tenha sido afetada por falhas no passado, com empresas como a Pelamis a não conseguirem tornar a tecnologia viável, a CorPower está determinada a mudar essa narrativa. Os avanços tecnológicos e os novos investimentos, como os mil milhões de dólares propostos no Senado dos EUA para apoiar tecnologias de energia oceânica, revitalizaram o interesse neste campo.

Neste sentido, a CorPower tem uma vantagem significativa, tendo angariado um total de 95 milhões de euros desde a sua fundação em 2012. Com a sua abordagem ágil à produção, que inclui o desenvolvimento de uma fábrica móvel automatizada para construir cascos de bóias em apenas 48 horas, a CorPower tem uma vantagem significativa. a empresa está preparada para crescer rapidamente.

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O terceiro pilar da energia renovável?

O CEO da CorPower, Patrik Möller, acredita que a energia das ondas se tornará a terceira maior fonte de energia do mundo, atrás da solar e da eólica. À medida que a tecnologia continua a desenvolver-se e os governos e investidores apoiam mais iniciativas de energia oceânica, podemos estar à beira de uma mudança significativa na forma como geramos eletricidade.

Só o tempo dirá se a CorPower conseguirá levar a energia das ondas ao consumo em massa, mas se alguma tecnologia tem uma oportunidade real, é a C4.

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