O renomado egiptólogo Zahi Hawass questionou mais uma vez uma das lendas mais emblemáticas do antigo Egito: a maldição dos faraós. Numa entrevista recente, o ex-ministro egípcio das Antiguidades revelou as origens e a natureza deste mito, que há décadas cativa o imaginário popular.
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Segundo Hawass, as inscrições encontradas nas tumbas egípcias, longe de serem maldições, eram simples advertências destinadas a dissuadir os ladrões. “Eram como qualquer oração que fazemos hoje para que alguém não nos machuque”, explicou. A crença em uma maldição sobrenatural, segundo o especialista, originou-se no desconhecimento sobre os perigos reais que rondavam as tumbas lacradas há milênios.
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As tumbas egípcias, fechadas há séculos, acumulam uma grande quantidade de bactérias e fungos que podem ser letais para quem as explora sem os devidos cuidados. “Muitas das mortes atribuídas à maldição foram, na verdade, causadas por doenças infecciosas”, disse Hawass. Além disso, a falta de ventilação nas tumbas, ocorrência comum nas primeiras explorações arqueológicas, contribuiu para aumentar o risco para os pesquisadores.
O caso da tumba de Tutancâmon é o exemplo mais famoso do mito da maldição. A morte do Conde de Carnarvon, pouco depois da abertura do túmulo, estava ligada a uma alegada maldição, embora não houvesse provas científicas que a apoiassem. “Os jornalistas da época procuravam histórias sensacionais e exageravam os fatos para vender mais jornais”, disse Hawass.
O egiptólogo também criticou a influência de Hollywood na perpetuação deste mito, através de inúmeros filmes que apresentaram a maldição dos faraós como uma realidade. No entanto, Hawass insiste que a ciência não pode aceitar estas crenças supersticiosas e que a única explicação racional para acontecimentos históricos é aquela baseada em factos e evidências.
Ao longo de sua carreira, Hawass explorou inúmeras tumbas egípcias e descobriu inúmeros tesouros arqueológicos. A sua vasta experiência permitiu-lhe concluir que a maldição dos faraós nada mais é do que um mito. “A ciência mostrou que não existem forças sobrenaturais capazes de causar a morte de pessoas séculos após a sua morte”, afirmou.
Histórias ainda mais recentes, como a suposta maldição associada à tumba de Tutancâmon, foram desmascaradas por Hawass. Segundo o egiptólogo, essas lendas são simplesmente fruto do imaginário popular e não têm base histórica ou científica.