Ciência e Tecnologia

Simular o mundo real: o objetivo que o Google busca com uma nova inteligência artificial

Para fazer isso, o Google está criando uma nova equipe

El caso de DeepMind y Google es un recordatorio poderoso de los desafíos éticos que plantea el rápido avance de la inteligencia artificial.
DeepMind e Google O caso da DeepMind e Google é uma lembrança poderosa dos desafios éticos que traz o rápido avanço da inteligência artificial (KLU.AI)

O Google DeepMind não está brincando. A empresa de inteligência artificial está formando uma equipe de alto calibre para trabalhar em um dos objetivos mais ambiciosos na área de IA: desenvolver sistemas capazes de compreender e replicar o mundo físico. Esses sistemas, conhecidos como modelos mundiais, prometem aproximar a humanidade um passo da tão discutida IA Geral (AGI).

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Mas o que torna esta nova abordagem tão especial?

O que são “Modelos Mundiais”?

Em termos simples, um modelo mundial é um algoritmo concebido para criar uma representação interna do mundo físico, algo como um modelo mental no qual uma IA pode prever eventos futuros e compreender como as coisas interagem.

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Imagine, por exemplo, que uma IA veja um salto de basquete. Um modelo generativo tradicional pode reconhecer que a bola está quicando, mas não tem ideia do motivo pelo qual isso está acontecendo. Por outro lado, um modelo mundial pode analisar o rebote e compreender as leis físicas por trás dele: o peso da bola, a força aplicada, a gravidade.

Basicamente, esses algoritmos buscam replicar a intuição humana, aquela capacidade de raciocinar sobre o mundo com base no conhecimento implícito e na experiência anterior.

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DeepMind: Construindo Mundos Virtuais

O projeto é liderado por Tim Brooks, conhecido por seu trabalho como ex-codiretor do projeto Sora na OpenAI. De acordo com Brooks, os planos da DeepMind são “ambiciosos” e ele não diz isso levianamente. Numa publicação recente nas redes sociais, ele partilhou detalhes da abordagem da empresa: criar modelos generativos massivos capazes de simular ambientes físicos inteiros.

Para isso, a DeepMind já começou a recrutar os melhores engenheiros e investigadores. As ofertas de emprego mencionam que procuram especialistas em treinamento de modelos generativos em grande escala, curadoria de dados e sistemas de linguagem multimodais. O objetivo? Crie uma tecnologia que possa prever eventos físicos com precisão e otimizar a interação entre máquinas e ambientes complexos.

Por que os “modelos mundiais” são importantes?

Os modelos mundiais são um passo importante para a criação de máquinas que não apenas façam cálculos rápidos, mas também raciocinem com bom senso. Um artigo do TechCrunch explica que atualmente as IAs são boas no reconhecimento de padrões, mas carecem de uma compreensão real do contexto. Por exemplo, uma IA pode identificar um vídeo onde um vidro quebra, mas não entende por que caiu ou qual foi a força que o quebrou.

Em contraste, um modelo mundial poderia compreender todo o evento: a inclinação da mesa, o momento exato em que o copo perdeu o equilíbrio e até prever onde as peças cairiam com o impacto. Esse tipo de raciocínio não tem aplicação apenas em simulações, mas também em veículos autônomos, planejamento urbano, robôs interativos e, claro, videogames mais imersivos.

Yann LeCun e a corrida pela IA geral

O conceito de modelos mundiais não é exclusivo do Google DeepMind. Segundo Yann LeCun, cientista-chefe de IA da Meta, esses sistemas são cruciais para alcançar a IA Geral, ou seja, uma inteligência artificial que pode realizar qualquer tarefa intelectual no nível dos humanos (ou até melhor).

Numa conferência recente, LeCun observou que para chegar à AGI, as máquinas precisam de compreender o mundo em termos humanos. Eles devem lembrar das coisas, ter intuição, razão e aplicar o bom senso. Nada disso é possível com as IA atuais, mas os modelos mundiais são concebidos precisamente para colmatar essa lacuna.

Outros jogadores

DeepMind não está sozinho nesta corrida. Diversas organizações tecnológicas apostam em modelos mundiais e nos seus aplicativos.

Um exemplo é o World Labs, uma startup cofundada por pesos pesados como Fei-Fei Li e Justin Johnson. Segundo Johnson, os modelos mundiais serão essenciais para a criação de ambientes 3D totalmente virtuais e interativos. Embora o custo e o tempo de processamento sejam atualmente elevados, Johnson acredita que estas ferramentas irão revolucionar campos como entretenimento, design e simulação científica.

Por outro lado, a Nvidia também se juntou à conversa apresentando o Cosmos, a sua nova plataforma que combina modelos generativos avançados para criar sistemas de IA capazes de operar veículos autónomos e robôs em ambientes físicos complexos.

Um passo mais perto da IA geral?

Os especialistas concordam que os modelos mundiais são uma peça chave para alcançar a IA geral. Este tipo de tecnologia não só melhorará a capacidade das máquinas interagirem com o seu ambiente, mas também lhes permitirá executar tarefas com precisão e eficiência comparáveis (ou superiores) às dos seres humanos.

Imagine assim: em vez de uma IA que simplesmente obedece comandos, você terá uma máquina que entende o que você está pedindo e por que precisa disso. Desde a simulação de cenários complexos ao planeamento de cidades inteligentes ou à previsão de eventos físicos, os modelos mundiais podem mudar tudo.

O compromisso do Google DeepMind com os modelos mundiais não é apenas ambicioso, é revolucionário. Com o objetivo de dotar as máquinas de raciocínio, intuição e bom senso, a empresa dá um grande passo em direção à próxima geração de inteligência artificial.

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