Imagine armazenar toda a sua biblioteca digital, fotos de família, memes favoritos e aqueles filmes que você “baixou legalmente” em algo do tamanho de uma cápsula… feito de DNA. Parece ficção científica, mas o armazenamento de dados de DNA já dá os primeiros passos em direção ao futuro.
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Embora ainda estejamos longe de usar essa tecnologia para salvar nossas playlists do Spotify ou episódios de nossas séries favoritas, os avanços recentes estão colocando esse conceito no mapa.
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Livros em DNA: A nova edição limitada?
CATALOG, uma empresa de Boston fundada por cientistas do MIT (porque os gênios obviamente não conseguem ficar parados), acaba de lançar algo que é tão futurista quanto nerd: um livro codificado inteiramente em moléculas sintéticas de DNA. Mas não se empolgue muito, pois não dá para abrir a cápsula e ler o texto com os próprios olhos (ou com um microscópio).
O livro, criado em colaboração com a Asimov Press, inclui nove ensaios e três histórias de ficção científica escritas por autores como Alex Telford e Richard Ngo. O preço: US$ 65 por uma cápsula que parece uma bala e contém cerca de meio megabyte de dados em formato de DNA. Sim, é mais caro do que uma cópia física, mas, ei, estamos falando de ciência que poderia fazer Isaac Asimov sorrir em seu túmulo.
Como funciona esse truque do DNA
O DNA neste livro não é do tipo que você encontra em seus genes, mas sim DNA sintético. CATALOG conseguiu codificar as 240 páginas de texto, um total de 481.280 bytes, em 500.000 moléculas únicas. Essas moléculas são armazenadas como pó seco em uma cápsula de aço protegida por gás inerte (porque, aparentemente, o oxigênio e a umidade são os verdadeiros vilões aqui).
O resultado? Os dados podem durar centenas de anos com custo mínimo de energia. Claro, não é como se você pudesse conectar esta cápsula ao seu PC e abrir o livro em PDF, mas a ideia é impressionante: armazenar informações em um formato mais compacto do que qualquer disco rígido.
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Por que DNA e não um simples USB?
O DNA não é apenas pequeno e durável, mas também extremamente eficiente. Se conseguirmos aperfeiçoar esta tecnologia, poderemos armazenar milhares de milhões de terabytes num espaço minúsculo, como a palma da sua mão. Além disso, é amigo do ambiente: requer pouca energia para ser mantido, algo que é cada vez mais importante à medida que a IA e outras tecnologias consomem eletricidade como um buffet livre.
O cofundador e CEO da CATALOG, Hyunjun Park, explica da melhor maneira: “Nossa plataforma de computação de DNA, que usa muito pouca energia, está rapidamente se tornando uma opção atraente, já que cargas de trabalho emergentes, incluindo IA, “elas exigem quantidades insustentáveis de energia para serem processadas”.
Tradução: os discos rígidos e servidores de hoje são como dinossauros que comem muitos recursos, e o DNA pode ser a próxima evolução em armazenamento.
É para você? Bem, depende…
Se você deseja apenas ler o livro, uma cópia física custa US$ 30, menos da metade do preço da cápsula de DNA. Mas se você gosta de colecionar dispositivos estranhos que parecem saídos de um filme de ficção científica (ou se você apenas quer impressionar seus amigos nerds), os US$ 65 pela cápsula de DNA podem valer a pena.
E embora este marco seja emocionante, não vamos fingir que o armazenamento de ADN está pronto para dominar o mundo. Ainda são necessários progressos para tornar esta tecnologia acessível ao público em geral. Por enquanto, ainda estamos na fase “Veja o que podemos fazer!” antes de passar para “Isso é prático e barato”.
O futuro do armazenamento está na forma do DNA
Entre livros, tecnologia revolucionária e cápsulas que parecem balas de ficção científica, o armazenamento de ADN começa a abrir caminho. Claro, ainda estamos nos estágios iniciais, mas com avanços como esse, fica claro que o futuro da forma como armazenamos nossos dados poderá ser tão biológico quanto tecnológico.
Valerá a pena pagar US$ 65 por um livro que você não consegue ler sem equipamento especializado? Talvez não hoje. Mas quem sabe, em alguns anos você poderá armazenar toda a sua vida digital em um pequeno frasco de DNA e se perguntar como sobreviveu com discos rígidos que pareciam tijolos. A ciência avança rapidamente e estamos aqui para ver isso.