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Saída de Anastasia mexe com chapa

O anúncio do governador Anastasia, de que vai passar o governo para o vice Alberto Pinto Coelho, dia quatro de abril, abre uma perspectiva nova no quadro da sucessão estadual. Não passou despercebida a ênfase dada por Anastasia ao fato de que ele sai para coordenar o programa de campanha do presidencial Aécio Neves, sem admitir que preliminarmente deixa o governo para ser candidato ao Senado.

É este o ponto de toda essa movimentação. Anastasia, na verdade, sai para ser candidato ao Senado, mas pode não ser. Assim como o deputado Dinis Pinheiro, que mudou de partido, saindo do PSDB para filiar-se ao PP, pode também não ser mais o vice do único até agora imutável, Pimenta da Veiga.

Tudo por que o PSDB resolveu levar em conta a disputa do PMDB com o PT, mais especialmente com a presidente Dilma Rousseff, e quer agora puxar a legenda para a campanha de Aécio à presidência e para a de Pimenta, em Minas. Como tanto Anastasia como Dinis atendem a uma convocação de Aécio, os cargos para os quais estão sendo indicados podem ser negociados com o PMDB, que passa a ser assim o parceiro estratégico do PSDB. Esta, por sinal, a razão pela qual Anastasia não disse que disputará o Senado, quando anunciou que entregaria o cargo para o vice Alberto Pinto Coelho.

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Mas se os tucanos abrem a chapa até então oficial para acolher o PMDB, o PT não fica atrás. Na verdade, antes mesmo de o PSDB abrir as asas para abrigar o PMDB, o PT já vinha negociando com o partido agora cobiçado. Tudo começa com o ex-presidente Lula estimulando o empresário Josué Gomes da Silva – agora já chamado de Josué Alencar – a filiar-se ao PMDB, legenda que acolheu seu pai e fez dele vice-presidente da República, no primeiro mandato. Como o PMDB mineiro resolveu discutir a possibilidade de ter o seu próprio candidato, Josué aceitou o convite do partido para disputar a vaga para o Senado. E aí as coisas de precipitaram.

Por coincidência, o PMDB da Câmara dos Deputados bateu de frente com a presidente Dilma, por conta da retenção das verbas parlamentares, e se rebelou, sob a liderança do deputado fluminense Eduardo Cunha, ligado ao grupo do PMDB do Rio que apoia a candidatura de Aécio à presidência. A rebelião funcionou como uma espécie de senha para que, em Minas, Aécio desestabilizasse a chapa já formada com Pimenta-Dinis e Anastasia, passando a assediar o PMDB com a oferta, primeiro, da vaga para o Senado, e, depois, com a de vice-governador – exatamente como fez o PT que dá ao PMDB a vice o Senado.

Carlos Lindenberg é jornalista, colunista do Metro Jornal e comentarista da TV Band Minas. Escreve no Metro Belo Horizonte.

 

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