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Temos automóveis, mas nos falta educação

xico-vargasNão dá para falar em indústria da multa no trânsito, como gosta de acusar o carioca. Pode-se dizer quase tudo da Guarda Municipal, menos que os agentes andem por aí grudando selo de “Autuado” em automóveis estacionados do jeito certo e no lugar devido, de motoristas que não avançam sinais ou fazem estripulias pela rua. Quando só a GM contabiliza este ano algo como 220 mil infrações punidas ou mais de 1.500 por dia, o que está fora de lugar é a sociedade.

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A verdade é que nada no trânsito do Rio, nos dias que correm, anda no trilho certo. Como se a soma de todos os incômodos nos tivesse dispensado de cumprir as leis. Por exemplo: não fosse rematada falta de educação, poderia ser cômica a desimportância com que o personagem sentado ao volante trata os agentes de trânsito, aquelas figuras vestidas de verde que tentam botar alguma ordem nas ruas.

Curioso é que geralmente eles se postam aos pares, debaixo dos sinais luminosos, esganiçando-se no apito apenas para que os motoristas lembrem-se de não obstruir os cruzamentos. Já seria absurdo ignorar que, como a natureza da expressão indica, cruzamentos de trânsito são o resultado correntes que se cruzam. Mas fica muito pior, quando se percebe que a área a ser deixada livre é, além disso, demarcada por tinta laranja, que brilha dia e noite. Mesmo assim, nem a presença dos “verdinhos” ou o som agudo dos seus apitos têm tornado o carioca mais civilizado no trânsito.

Ao contrário, como bem mostram todas as tentativas derrotadas de disciplinar o movimento na porta das escolas. Estacionamento em fila dupla ali é coisa do passado. Agora para-se até em fila tripla e ai de quem reclamar. Resultado disso, os sinais diante das escolas começaram a ser ignorados e aumentaram os acidentes. Em nova tentativa de acabar com a baderna, chegou-se ao absurdo de acrescentar ao sinal luminoso do poste a instalação de quebra-molas no asfalto.

Na zona oeste (cada dia mais altos) tornaram-se grande ferramenta para desestimular os avanços de sinal e, na zona sul, já chegaram a São Conrado. Em muitos trechos, porém, aos sinais e quebra-molas soma-se agora a presença dos “verdinhos” que, sem o poder de multar, podem ser de escassa e passageira eficiência.

Talvez a cidade esteja à espera da conclusão da centena de obras viárias que a virou de pernas para o ar para, enfim, encarar a necessidade de longa campanha educativa. Capitais tão importantes e complexas quanto o Rio só resolveram essa violência com educação. Aqui pode-se buscar esse caminho ou entregar a população de vez ao horror.

O jornalista Xico Vargas mantém a coluna ‘Conversa Carioca’ na rádio BandNews Fluminense FM, em dois horários, e na página da emissora no Facebook, além da coluna ‘Ponte Aérea’ em xicovargas.uol.com.br. Escreve no Metro Jornal do Rio de Janeiro

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