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Parquímetro em Búzios é balde de tinta

Mais de um ano e meio depois de anunciar a adoção de parquímetros, a prefeitura prossegue na rotina medíocre que contabiliza toda semana as milhares de multas aplicadas e centenas de carros rebocados por estacionamento irregular nos fins de semana. Nada mais primitivo.

A solução moderna e civilizada, prometida para disciplinar o uso de vagas de estacionamento, ficou na Cidade do México e em Amalfi, na costa italiana, exemplos utilizados para vender a ideia. A tese segundo a qual as ruas do Rio não poderiam continuar  entregues a quadrilhas de flanelinhas virou fumaça.

Enquanto isso, a pouco mais de duas horas do Rio e sem anunciar revoluções urbanas, Búzios vem construindo promissora mudança nas relações da cidade com os motoristas. Onde até há pouco imperava a selvageria de flanelinhas que extorquiam visitantes e infernizavam a vida local, instalou-se agora a ordem.

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Para isso, não foi necessário importar equipamentos, esburacar ruas e plantar sensores ou parquímetros. Bastaram galões de tinta, smartphones que estão aí às dúzias e mão de obra dos barnabés da prefeitura. O resto é bom uso da cabeça para definir o que pode ser feito para melhorar o trânsito e a vida de visitantes e moradores.

Em lugar de espetar milhares de placas de estacionamento e deixar a cidade entregue aos flanelinhas, Búzios simplesmente pintou os meio-fios. Onde são azuis, o estacionamento está liberado. As vagas são demarcadas com números e traços brancos. Onde são amarelos é proibido estacionar e onde são pintados de branco não é possível sequer encostar para embarque e desembarque.

Nas áreas azuis, operadores com um smartphone ou um pequeno palm e uma impressora menor que uma máquina de cartão de crédito nas mãos resolvem tudo em minutos. Perguntam quanto tempo o motorista pretende ficar estacionado, registram no smartphone com a placa e o número da vaga, apertam OK e pronto: a pequena impressora emite um boleto do tamanho de um recibo de cartão de crédito, que fica sobre o painel do carro.

Mais simples, impossível. Mais eficiente, difícil. A pintura dos meio-fios, além de eliminar o longo e custoso trabalho de confecção de placas, impede, por exemplo, prática comum no Rio, principalmente em ruas do Recreio, bandalheira que reúne flanelinhas e guardas municipais. Os primeiros arrancam as placas de estacionamento proibido e incentivam motoristas a estacionar. Os segundos, fazem questão de ignorar o banditismo e multam sem piedade.

Claro que para acabar com isso não é preciso licitação, nem importação de caros equipamentos. Bastam vergonha na cara e, como Búzios já descobriu, alguns baldes de tinta. O Rio ainda espera a materialização dos parquímetros. Feliz 2015.

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