No Brasil, o que se evidenciam são as contradições dessa sociedade que já foi considerada como uma real e nova possibilidade de convivência entre credos e raças. Mas os fundamentalismos, que demonizam a diferença, quer seja religiosa, de classe social, de opção sexual ou de aparência externa, como traços raciais ou aspectos físicos, esses sim, se alicerçam pelo ódio, estão aí, com a força bruta e burra que não deseja esclarecimento.
Sempre ouvi dizer que estamos em tempos de mudança, concordo, o mundo e as formas de interação entre as pessoas estão em um movimento contínuo, mas com isso não quero dizer que esse movimento seja sempre em direção a um ponto bom. Infelizmente, pelo que observo nesse tempo em que penso o mundo, sinto essa caminhada para uma sociedade “tecnocida” em que, possivelmente, o ser humano deixará de ser constituído pela carga de humanidade, pensada de forma positiva, que poderia fazer deste planeta um lugar habitável para todos.
Sim, realmente, as imagens e os relatos do sofrimento dos migrantes que tentam entrar na Europa são chocantes, assustam, apavoram e até emocionam os mais sensíveis. Então devemos olhar para o lado, olhar e buscar entender o outro que vive ou tenta sobreviver, na rua, no trabalho, na escola, na cadeia, na periferia, na favela. É difícil, mas não devemos esquecer, o poeta avisou há algum tempo. Vou parafraseá-lo: o Haiti somos aqui.