Opiniões assim são válidas, inteligentes e, acima de tudo, não contradizem a realidade dos fatos que permeiam o gigante cinco estrelas. Algumas outras, contudo, são dose para javali. Cravar que Deivid não tem “perfil” de treinador é de uma leviandade ululante. E esse papo foi defendido por alguns coleguinhas. Como sei que estes não muniram-se de qualquer sustentáculo minimamente racional, da informação correta que precisa proceder qualquer opinião, não fico surpreso. E esta parte é relevante, até para não sermos injustos com um profissional e cruel com uma pessoa: ninguém é obrigado a gostar, a defender a efetivação de Deivid; ninguém teria a capacidade de determinar em tons taxativos e premonitórios se daria certo ou errado, dada – entre outras coisas – a ausência de background dele na profissão; entretanto, afirmar que nosso personagem não possui o “estilo apropriado para ser treinador” passa por aquela história do “achismo”, que tanto mancha o jornalismo; de cismar com a aparência e chutar, sem familiarizar-se com o conteúdo do sujeito, sempre mais importante do que a “carcaça”, mas infelizmente pouco tratado assim na prática. Como a mídia tem poder de formar opiniões e criar diretrizes para determinados movimentos, numa dessas, a injustiça acaba feita e o cara termina com um rótulo improcedente – e que funciona como entrave talvez decisivo na sua trajetória.
Apesar de compreender, respeitar quem – como Alisson –, com temperança e boa informação, prefere outra solução, eu optaria, provavelmente, pela efetivação de Deivid. Não coloco certamente porque vai que alguém muito badalado – e competente – no mercado surja do nada numa promoção de “Black Friday”, num saldão, com salário mais barato do que o normal?!
Por que vejo com tanta benevolência a capacidade do artilheiro de 2003 virar “professor” neste instante, no próprio Cruzeiro? Em coluna vindoura explico os detalhes.
Cadu Doné é comentarista esportivo da rádio Itatiaia e da TV Band Minas, filósofo e escritor. Escreve no Metro Jornal de Belo Horizonte