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Deivid e injustiças

Ficar reticente com a suposta e eventual ascensão de Deivid ao cargo de treinador do Cruzeiro é mais do que válido. “Insegurança” seria uma palavra condizente para definir a situação. E isso nada teria, necessariamente, com qualquer demérito do candidato a comandante. Em alguns casos, justamente pelo contrário. Um exemplo: Alisson Guimarães, meu grande amigo, cruzeirense de mão cheia, e profundo conhecedor de bola – ele escreve no site da ESPN sobre a equipe celeste –, é admirador do atual auxiliar fixo do clube. Bem informado a respeito dos bastidores da Raposa, está a par de todos os predicados que andam animando a diretoria a promover o ex-atacante. Porém, pela combinação “possível precipitação”, e “zelo para não perder, não queimar” um profissional fundamental na “coxia” do clube – e que tem tudo para, daqui a alguns anos, estar mais seguro para atuar no front –, prefere esperar.

Opiniões assim são válidas, inteligentes e, acima de tudo, não contradizem a realidade dos fatos que permeiam o gigante cinco estrelas. Algumas outras, contudo, são dose para javali. Cravar que Deivid não tem “perfil” de treinador é de uma leviandade ululante. E esse papo foi defendido por alguns coleguinhas. Como sei que estes não muniram-se de qualquer sustentáculo minimamente racional, da informação correta que precisa proceder qualquer opinião, não fico surpreso. E esta parte é relevante, até para não sermos injustos com um profissional e cruel com uma pessoa: ninguém é obrigado a gostar, a defender a efetivação de Deivid; ninguém teria a capacidade de determinar em tons taxativos e premonitórios se daria certo ou errado, dada – entre outras coisas – a ausência de background dele na profissão; entretanto, afirmar que nosso personagem não possui o “estilo apropriado para ser treinador” passa por aquela história do “achismo”, que tanto mancha o jornalismo; de cismar com a aparência e chutar, sem familiarizar-se com o conteúdo do sujeito, sempre mais importante do que a “carcaça”, mas infelizmente pouco tratado assim na prática. Como a mídia tem poder de formar opiniões e criar diretrizes para determinados movimentos, numa dessas, a injustiça acaba feita e o cara termina com um rótulo improcedente – e que funciona como entrave talvez decisivo na sua trajetória.

Apesar de compreender, respeitar quem – como Alisson –, com temperança e boa informação, prefere outra solução, eu optaria, provavelmente, pela efetivação de Deivid. Não coloco certamente porque vai que alguém muito badalado – e competente – no mercado surja do nada numa promoção de “Black Friday”, num saldão, com salário mais barato do que o normal?!

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Por que vejo com tanta benevolência a capacidade do artilheiro de 2003 virar “professor” neste instante, no próprio Cruzeiro? Em coluna vindoura explico os detalhes.

Cadu Doné é comentarista esportivo da rádio Itatiaia e da TV Band Minas, filósofo e escritor. Escreve no Metro Jornal de Belo Horizonte

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