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O erro dos consumidores? Estão mastigando pouco!

Muito pouco! Lembro-me da entrevista com uma renomada nutricionista americana. Ela afirmava que o principal problema da alimentação contemporânea é que “estamos mastigando muito pouco”. A especialista esclarecia que, ao mastigar pouco, saboreamos pouco, engolimos rápido demais e temos uma digestão bem mais difícil. O correto seria mastigar cada bocado várias vezes de um lado da boca, depois do outro, para somente então engolir. Além de digerir tudo mais naturalmente, absorveríamos mais nutrientes e teríamos maior sensação de saciedade, e bem mais cedo (ela demora um pouco a vir).

Diagnóstico. A conclusão da sábia e experiente nutricionista: se nós cuidássemos de mastigar melhor, precisaríamos comer menos, bem menos, e ainda assim viveríamos felizes e saudáveis. Como tudo nesta vida que exala sabedoria, este raciocínio é puro bom senso, e quero me valer dele para enxergar o que está se passando em nossa vida cotidiana como consumidores. Tentando ser isento (porque também sou consumidor), buscando olhar de fora, o que vejo é um fenômeno idêntico: pressa em engolir e encher novamente a boca! Quer dizer: pressa em consumir e novamente comprar, para poder consumir mais!

Excesso… e falta! Dois ou três pedaços de pizza (normalmente suficientes para um adulto), não bastam: tem de comer meia pizza, ou uma inteira, regada com uma pet de refrigerante ou duas garrafas de cerveja. Saboreia-se, assim? Engordar à toa sei que engorda! Duas ou três calças não bastam: tem de entupir o guarda-roupas com dezenas de modelos e cores diferentes, para acabar usando sempre as mesmos (as preferidos, até porque ficam à frente, as demais a gente nem enxerga direito, porque estão socadas atrás). Vive-se mais elegante, assim? A julgar pelos “desfiles” que vemos por aí nas ruas, não.

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Descartando em 3, 2, 1… A roupa tem de dar embora (ou pior, deixar mofando no armário) porque saiu de moda. O celular ficou desatualizado, o computador e a TV também: vamos trocar! O sofá está sujo: melhor dar e comprar novo, junto com o tapete (se ficar caro a gente parcela, mesmo pagando um absurdo de juros). Ah: o carro é modelo virado, não tem mais aquela “presença”: troca! E assim vamos tornando as coisas (a vida!) descartável. “Reduza, reuse, recicle”, propõe a ecologia. “Ambicione mais, devore só um pedacinho, jogue todo o resto fora”, diz o consumismo. E aí: para quem você dirá amém?

Economista com MBA em Finanças (USP), orientador de famílias e educador em empresas (Metodologia PROF® / UNICAMP), é comentarista econômico do Grupo Bandeirantes de Rádio e TV. Autor de “Os 10 Mandamentos da Prosperidade”, dirige o site www.oplanodavirada.com.br.   

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