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Acerto do Galo

Desde quando o Atlético demitiu Marcelo Oliveira vinha falando, com veemência, que Roger era a melhor opção entre disponíveis e acessíveis. Num mercado combalido, apenas Cuca – não estava livre, mas já havia a perspectiva de que não fosse seguir no Palmeiras – se aproximaria, ficaria praticamente lado a lado com o ex-comandante gremista. Gosto muito do treinador campeão da Libertadores pelo Galo em 2013. Sem dúvida, se encontra no top cinco da sua profissão no país. No mínimo. E por que, então, se o admiro tanto, e se ele tem currículo bem melhor do que o de Roger continuo preferindo, ainda que ligeiramente, este último? Por uma espécie de critério de desempate…

Imprensa, torcida e profissionais diversos comentam futebol com a maior naturalidade sem acompanhar o esporte com mínima profundidade. Clichês, rótulos, opiniões aderidas por parecerem inteligentes, e sobretudo os resultados pautam os discursos com muito mais frequência do que análises zelosas e baseadas em largas amostragens, vastos conhecimentos, impressões colhidas por meio da apreciação cuidadosa de um grande número de partidas completas. Quem segue esse caminho que tracei como mais raro – e tem percepção correta, senso de justiça e do que seria a meritocracia – possui tendência bem maior de se apegar, quase exclusivamente, ao desempenho, ao rendimento, à qualidade pura e simples; não necessariamente aos louros colhidos numa modalidade tão acometida pelo acaso, tão “relativa”, em diversas acepções.

Avaliando ampla amostragem de jogos de equipes chefiadas por Roger e Cuca, observo que os times montados pelo primeiro costumam ter controle, certo tipo de domínio num patamar bem mais elevado dentro dos duelos – em termos qualitativos e quantitativos –, e também com mais constância, num número maior de embates. Esta característica aparece para mim como vantagem não por se entrelaçar supostamente com uma forma de jogo que me agrada mais estética, artisticamente. Nada disso. Embora prefira este traço abordado também nos âmbitos mais contemplativos, ligados à beleza e à fruição, o que se mostra determinante para decretá-lo como superior é que, para mim, ele simplesmente aumenta as chances de ganhar. O trabalho de Roger durante a preparação torna seu esquadrão menos dependente da sorte, de lampejos. Do individual.

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Marcação por zona, com compactação, linhas próximas; momento ofensivo com equipes que trocam passes curtos, triangulam, atacam também com muita gente – mas sem se desarrumar em demasia –, e bastante aproximação: estes são alguns dos motes de Roger. Cuca, embora também inventivo e competente em termos estratégicos, tende a prezar menos a posse, a exagerar em alguns instantes nas bolas longas e em outros aspectos que colocam tudo mais à mercê do acaso; defensivamente, pelo menos até hoje, opta além do que gostaria pelo combate individual, e proporcionalmente, me parece menos eficiente para agrupar suas peças no momento em que está sem a bola.

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