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Política na América Latina

Na história da democracia latinoa-mericana, Marcelo Odebrecht ocupará para sempre um lugar de infâmia única. Do México à Argentina, a empresa de construção brasileira subornou presidentes, ministros e candidatos para ganhar contratos públicos, estabelecendo um exemplo nefasto que outras empresas seguiram. O dano aos cofres públicos em contratos passou a mais de US$ 3 bilhões. O custo para a credibilidade e o prestígio da política democrática na América Latina é incalculável.

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Só para se ter uma ideia, as repercussões do escândalo da Odebrecht chegam ao pior momento possível. Sete países latino-americanos escolherão presidentes nos próximos 12 meses. Eles incluem os dois gigantes regionais, nós e o México. Um oitavo, a Venezuela, deverá votar em dezembro de 2018, embora seu ditador não permita uma eleição justa e transparente. Mais seis cédulas presidenciais serão lançadas em 2019. O futuro político da região está disponível e uma página em branco a ser escrita. Em grande parte por causa da corrupção. Há um forte clima patriótico e anti corruptores e corruptos.

O temperamento popular não foi melhorado pela criminalidade em alguns países e pela lentidão econômica após um boom, o que deixou os latino-americanos com expectativas elevadas, rendimentos estagnados e filas intermináveis de desempregados. Isso provocou temores de um ressurgimento do nacionalismo populista exatamente quando a região parecia estar sacudindo a última versão disso. Isso é um risco.

Mas existem outros fatores no trabalho. Um é um afastamento da esquerda, dominante por mais de uma década na América do Sul. Outra tendência é a fragmentação política, que permitiu que pessoas de fora, como Jair Bolsonaro, populista de extrema direita, figurassem nas pesquisas de opinião. A fragmentação traz outro perigo. Os novos presidentes podem lutar apenas para comandar a maioria legislativa, quando a região precisa de reformas para voltar a crescer.

As eleições presidenciais provavelmente irão para um segundo turno no Chile, Costa Rica, Colômbia e Brasil. No Brasil poderia abençoar Bolsonaro contra Lula, o ex-presidente de esquerda que foi condenado por corrupção (da qual continua apelando). No entanto, os centristas provavelmente irão fazer o que as pesquisas preliminares sugerem.

Enfim nossa região está política e economicamente conturbada e nossos escândalos e corrupções têm enorme responsabilidade sobre isto. Vamos ver que tipo de líderes surgirão e qual será a cara da América Latina e de sua democracia renascida das cinzas de todos os escândalos regionais.

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