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Feliz Natal

Na verdade, o Congresso não teve escolha ao aprovar terça-feira o orçamento que autoriza o financiamento público das eleições municipais do ano que vem. Ou aprovava o limite de R$2 bilhões ou o projeto seria vetado pelo presidente Jair Bolsonaro. Do saco ao menos a embira, como se diz ainda no interior de Minas. Com receio do facão presidencial, deputados e senadores desistiram da ideia de gastar R$3,8 bilhões na eleição municipal e aceitaram os R$2 bilhões negociados e garantidos pelo governo.

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Com a aprovação do orçamento, o Congresso encerra o ano legislativo. Mas é bom lembrar, por oportuno, que foi por causa do controle do caixa da legenda que o partido do presidente Bolsonaro, o PSL, dividiu-se ao meio com 25 deputados entrando ontem no Tribunal Superior Eleitoral pedindo a desfiliação da sigla para fundarem o Aliança pelo Brasil, alegando perseguição e pedindo duas coisas: que permaneçam deputados e que cada um leve a sua parte do fundo partidário.

Esse financiamento público de campanha, comum em pelo menos 118 países, criou muita polêmica aqui, quando aprovado, porque o cidadão na maioria das vezes não se sente representado pelo parlamento. Isso na verdade é um engano porque, à exceção de uns poucos, o Congresso é a expressão da sociedade, com tudo o que ela tem de bom ou de ruim. O financiamento público é considerado benéfico na maioria do mundo exatamente para evitar o controle do voto pelas grandes empresas, mas deve ser não só bem fiscalizado como permite também, para evitar dependência excessiva do Estado, a contribuição voluntária de pessoas físicas. Talvez por coisas assim é que a mais recente pesquisa do Datafolha tenha mostrado uma rejeição de 45 por cento aos atuais congressistas, um aumento de dez pontos percentuais desde o último levantamento em agosto, com apenas 14 por cento agora de aprovação. Mas isso se deve também em grande parte à criminalização da atividade política após os escândalos levantados pela lava jato, generalizando de maneira perversa os políticos de modo geral.

PS: Como esta deve ser a última coluna do ano, desejo aos leitores do Metro um Natal de harmonia e paz.

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