A pandemia fez com que pais e filhos passassem mais tempo juntos. Mas será que isso quer dizer que hoje o relacionamento familiar está melhor? Será que essa nova dinâmica, com adultos em home office e crianças e adolescentes com aulas online, beneficiou o relacionamento entre pais e filhos? Segundo a psicóloga e escritora Camila Cury, não necessariamente. “Trago uma verdade inquestionável: não se constrói laços afetivos somente com a quantidade de tempo”, afirma.
Distância ainda maior
Presidente da Escola da Inteligência, Camila ressalta que a qualidade da relação é que determina o impacto do tempo na conexão com os filhos. “As medidas de isolamento social fizeram pais e filhos passarem mais tempo juntos e, então, a falta de conexão entre eles deixou de ser culpa da pouca convivência que tinham em casa”, argumenta. “Muitos pais aumentaram as suas angústias, distanciaram-se ainda mais dos seus pequenos, e ficaram mais estressados e impacientes.”
Elogie mais do que reclame
Camila diz que isso aconteceu porque esses pais não aprenderam a dividir suas lágrimas, a dar risadas das dificuldades e a se conectar com os seus filhos. “Neste momento, é fundamental que pais e filhos percebam a importância dos vínculos e que os adultos aproveitem a oportunidade de conquistar a emoção das crianças e adolescentes, elogiando-os mais do que reclamando deles, brincando, contando histórias e compartilhando também suas dores.”
Transforme sua casa
Nem sempre estar perto significa estar atento uns aos outros. Camila deixa uma dica para os pais: aproveite a oportunidade para penetrar em camadas mais profundas dos filhos, para entender o que está por trás do comportamento deles. “Transforme a sua casa em um ambiente saudável para que todos se conheçam, dialoguem, cruzem mundos emocionais e se conectem verdadeiramente.”