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Um dia para celebrar a vida do ciclista, que se locomove de maneira silenciosa, saudável e sustentável pelas ruas, colaborando para que as cidades sejam mais humanas, seguras e agradáveis. Que persiste deslizando suavemente sobre as duas rodas da bike, mesmo sendo dolorosamente desrespeitado e agredido todos os dias. Nesse país que festeja a cultura do carro como sinal de status e poder, ciclistas morrem atropelados diariamente.
O dia 19 de agosto foi escolhido em memória ao jovem brasiliense Pedro Davison (na foto acima), que morreu aos 25 anos em 19 de agosto de 2006, enquanto pedalava na faixa central do Eixão Sul, em Brasília. A ONG Rodas da Paz, criada pelos pais de Davison, propôs a data, além de movimentar diversos setores da sociedade na luta contra a violência no trânsito.
A data de hoje é também um convite para que todos nós possamos refletir sobre as cidades que estamos construindo no Brasil. Sobre os relacionamentos que acontecem no trânsito de cada dia. Precisamos de empatia, cooperação, respeito, compartilhamento do espaço.
Muita gente desconhece, mas o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) reconhece a bicicleta como veículo e estabelece que ela deve ter prioridade de circulação em relação aos demais modais (art. 58). Só que o motorista brasileiro costuma se sentir no topo, achando que tem prioridade. E é exatamente o contrário. “Essa opinião deriva da ideia de que as ruas são feitas para os carros, não para o deslocamento de pessoas. Por essa ótica, as bicicletas seriam intrusas, podendo usar as vias apenas quando não interferirem na circulação dos automóveis. O espaço público é de todos e o código de trânsito garante esse direito de circulação”, diz o cicloativista Willian Cruz.
A bicicleta é um meio de transporte urbano cada vez mais usado no Brasil e no mundo. Não é apenas um instrumento de lazer, como pensam alguns. Por isso, é urgente mudar a filosofia de planejamento das políticas públicas, orientadas para o carro. Precisamos de ciclovias, bicicletários, estruturas de conexão de modais, campanhas de conscientização de motoristas, educação no trânsito. Nas autoescolas, nas famílias, nas escolas, nas empresas, nas ruas.
Assim, estaremos poupando milhares de vidas, como a de Pedro. Morto por um motorista embriagado e que fugiu sem prestar socorro, ele deixou a filha Luiza, hoje com 23 anos. A triste história virou tema de um curta-metragem filmado em 2018: “Lulu Vai de Bike”, protagonizado pela própria Luiza Davison, e que pode ser visto pela plataforma Vimeo https://vimeo.com/349091282