Foi duro ser fã do Faith no More nos último 18 anos. Após o mal sucedido lançamento de “Album of the Year”, em 1997, e a consequente separação da banda no ano seguinte, Mike Patton e companhia ensaiaram um retorno a partir de 2009, mas até aí nada de música nova.
A espera acabou no mês passado, quando o grupo californiano dos anos 1980 revelou as dez faixas inéditas de “Sol Invictus”.
“Nós tínhamos que nos separar”, afirma o baterista Mike Bordin, por telefone, ao Metro Jornal. “Precisávamos nos afastar para poder saber o que o Faith no More significava para a gente”, diz ele, que é parte da formação original da banda junto com o baixista Billy Gould, responsável pelas letras e por toda a produção do novo disco.
“Quando nos reunimos novamente, foi assustador. Soava como Faith no More! (risos) Acho que não é possível conseguir isso com mais ninguém. Pareceu natural e muito confortável, mas não de uma maneira desleixada. Pareceu confortável porque era parte de nós. Ainda estávamos lá e foi incrível, porque nenhum de nós esperava isso”, confidencia o baterista.
Apesar de colaborar com arranjos, Bordin enfatiza que “Sol Invictus” é, em maior parte, fruto do esforço de Gould. “Ele merece todo o crédito porque trabalhou muito de diferentes maneiras aqui, mas não vejo como isso poderia ter sido feito de outro jeito. Ninguém mais colocou as mãos no disco além dos caras da banda. Esse foi realmente um trabalho de amor.”
As faixas já estão sendo testadas diante do público na turnê de lançamento do disco, que chega a São Paulo para uma apresentação única em 24 de setembro no Espaço das Américas. Os ingressos custam entre R$ 190 e R$ 370 e já estão à venda no site livepass.com.br.
“A boa notícia é que nós acreditamos nessas músicas e estamos animados com elas. Ser Faith no More em 2015 e ainda ter esses caras se dizendo apaixonados por essas músicas é maravilhoso e é algo que eu realmente valorizo porque não há garantia disso. Ninguém nos garantiu nada além da chance de ir lá testar tudo. E estou orgulhoso. Esses somos nós. O fato de as pessoas responderem a isso é inacreditável”, conclui.
Voz de Patton é destaque em obra sem novidades
Vamos começar pela conclusão: “Sol Invictus” é um disco para fãs do Faith No More.
Em suas dez faixas, não há espaço para novidades, artimanhas, mudanças para conquistar um novo público, apelo pop… Nada. Da abertura na faixa-título a “From The Dead”, Mike Patton e companhia – uns caras que não são mais os moleques do começo dos anos 1980 – destilam sem dó o peso e a raiva das guitarras, com baixo e bateria em perfeita sintonia, mesclados ao teclado e à ironia das letras. Aos 47 anos, Patton ainda canta como um jovem. Que voz!
O resultado não é tão impactante levando em consideração o tempo de espera, mas, mesmo assim, vale a pena ouvir “Sol Invictus”.