Na visão de Márcia Haydée, 78, Dom Quixote não é um velho errante nem caricatural, mas um jovem romântico, movido pela loucura e pela imaginação, em busca de uma Dulcineia idealizada.
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Essa interpretação baseia. “O Sonho de Dom Quixote”, criação da coreógrafa para a São Paulo Companhia de Dança, que estreia no dia 12, no Teatro Sérgio Cardoso, apostando em uma interpretação verde-amarela do cavaleiro da triste figura.
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Haydée é um dos mitos da dança do Brasil. Deixou o país no fim dos anos 1950 para dançar fora e, em 1961, se tornou musa de John Cranko (1927-1973), um dos maiores coreógrafos do século 20, então à frente do Ballet de Stuttgart, que ela acabou dirigindo de 1976 até 1995.
De Cranko ela herdou a paixão pela potência dramático da dança. “Só tive essa carreira porque o encontrei. Para mim, o interesse não era somente dançar, mas representar um papel”, diz ela, que só agora cria sua primeira obra para um grupo brasileiro.
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Além de ter preparado novas sequências de movimentos dentro da estética clássica para o balé de repertório já imortalizado pelo coreógrafo Marius Petipa, Haydée se apropriou, por sugestão do cenógrafo Hélio Eichbauer, dos desenhos feitos por Candido Portinari (1903-1962) em torno da obra-prima de Cervantes – apresentados no palco em grandes painéis –, e também dos poemas escritos a partir deles por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), recitados entre composições originais de Norberto Macedo (1939-2011) em torno do mesmo tema, que se mesclam com a música original de Minkus. “Visualmente é algo completamente novo”, diz a coreógrafa.
Para Inês Bogéa, diretora da São Paulo Companhia de Dança, a versão de Haydée para esse balé guarda certo “minimalismo dentro da exuberância” tradicional de Dom Quixote. “Ela traz um conhecimento grande e atualizado da técnica, e isso faz com que o clássico fique cada vez mais vivo”, diz ela.
No Teatro Sérgio Cardoso (r. Rui Barbosa, 153, Bela Vista, tel.: 3288-0136). Estreia dia 12. Qui. e sáb., às 21h; sex., às 21h30; dom., às 18h; R$ 30. Até 22/11.