Há muito tempo, a escritora Paula Fábrio teve um encontro inusitado: uma astróloga declarou que, após os 40 anos, ela seria uma escritora de sucesso. A “profecia” começou a se realizar em 2013, quando a paulista venceu o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria estreante com “Desnorteio”, que já anunciava uma prosa requintada, costurada por meio de fragmentos e lembranças.
Hoje, aos 45, a escritora acaba de lançar o segundo livro – “Um Dia Toparei Comigo” – e se firma no cenário da literatura contemporânea.
Este é um livro de paisagens. O conceito de “road book” não é tão preciso – por mais que a personagem principal, Isabel, esteja em viagem pela Europa em companhia da namorada, Virgínia, são outros lugares, pessoas e memórias que vão dando o tom da narrativa.
Isabel, atormentada pela morte recente do pai, tenta deglutir a dor. Em algum lugar no meio do caminho, tomada de amores por Virgínia, ela também se interessa por Luís, um imigrante brasileiro. A natureza do amor por várias pessoas, o envelhecimento e o luto são alguns dos recortes entrelaçados em sentenças curtas e delicadas.
O trabalho demorou três anos para ser concluído. “Eu reescrevo muito. Reescrevo a mesma página várias vezes”, explica Paula.
Enquanto divulga o novo romance, a escritora já amadurece aquele que deve ser seu próximo trabalho, um livro de contos que versam sobre a separação. Com seu jeito vagaroso e modesto, ela não tem a menor pressa.
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