O título do livro de Norman Ohler parece piada: “High Hitler” (Hitler chapado). Afinal, a pronúncia, em inglês, lembra a saudação nazista, em alemão: heil, Hitler (salve, Hitler). O que a obra conta, no entanto, não é engraçado. Depois de pesquisar durante cinco anos na Alemanha e nos EUA, o autor revela que o chefe nazista e seus comandados abusavam de dezenas de entorpecentes, como cocaína e similares da heroína.
Os nazistas se retratavam como “puristas”, mas eram viciados em drogas?
Sim, eles mandaram para campos de concentração muitos usuários de drogas quando tomaram o poder em 1933. A metanfetaminina, quando inventada, rapidamente virou a droga preferida dos alemães – ao lado da cerveja. Mas Hitler e os nazistas usaram em excesso, por exemplo, em seus ataques na Polônia e na França. Existe um material fascinante sobre isso nos arquivos alemães, mas historiadores ignoram por preconceito com o tema.
A Segunda Guerra teria sido diferente sem as drogas?
Hitler morava em um estado de ilusão. Após a queda de 1941, e com os enormes problemas para a Alemanha na guerra contra a União Soviética, precisava de mais e mais drogas para manter-se alucinado. Ele vivia em delírio.
Isso foi decisivo também para o fim do conflito?
Suas decisões sempre foram irracionais e as drogas o ajudavam a ficar nesse caminho. Isso teve consequências catastróficas para a guerra, que se prolongou até 1945, custando a vida de milhões de pessoas.
O livro permite uma revisão na história?
Ele permite entender melhor a mentalidade de Hitler, e assim, nos dá uma compreensão mais profunda do que estava acontecendo na máquina de guerra nazista.