O professor de Parkour Vance Poubel nadou, nadou, morreu na praia e foi eliminado do «Exathlon Brasil» nesta quarta-feira (13) após ir À Deriva com Marcel Stürmer e Alline Calandrini. Sem perder seu jeito bem humorado e característico, o competidor deixou a competição ciente de suas mudanças.
«Minha experiência aqui foi muito real. Eu estou acostumado a aceitar trabalhos que eu nem entendo o que são só por conta do esperado. Normalmente, eu entro em diversas tormentas e saio muito ileso. Acho que o Exathlon foi onde eu mais me senti sensibilizado, tocado, por diversas questões humanas», disse em entrevista ao Portal da Band.
«Principalmente por ter que lidar comigo mediante a todas as privações que a gente passou aqui: de comida, de sono, de estar preso a um grupo, de não ter como fugir. Meu trabalho é pular muro e prédio. Eu vivo fugindo. Se eu tenho um problema, eu fujo. E aqui eu não tinha essa possibilidade. Eu estava preso a diversas pessoas, às responsabilidades com o grupo e a ter que pontuar no jogo», explicou.
Leia mais:
Exathlon: circuito branco recebe mais um Desafio da Arena
Exathlon Brasil: Não era para ter sido tão sério, diz Ana sobre briga com Scooby
«E nesse ponto, meu desenvolvimento pessoal foi incrível. Fico muito feliz das pessoas que eu conheci. Foi muito legal ter tido um adversário durante dois meses e meio e, nos últimos dias, a gente ter virado melhores amigos. É muito engraçado essa coisa de ter mais em comum com os meus adversários – que eu estava lutando contra – do que com a maioria das pessoas que eu conheço na minha vida», afirmou.
«A gente conversava sobre esporte como se fosse outra língua. Não é sobre entender esporte, é sobre as sensações. As palavras não transmitem as sensações que eu quero. E dava para ver como era preenchido de sensações todos os diálogos que tivemos aqui. Fiquei numa felicidade de me sentir semelhante à outra pessoa», completou.
Com um perfil mais desapegado, Vance falou também de sua relação com o grupo dos Guerreiros. «O programa inteiro teve uma mentira minha: foi de eu estar fazendo alguma coisa pela equipe. Na verdade, toda a equipe estava fazendo algo por mim. Toda vezes que vocês me viram ajudando alguém, aconselhando alguém, era mentira. Na verdade, eu estava ali me aliviando naquela pessoa e aquela pessoa estava me ajudando. Eu me apoiei em todas as pessoas à minha volta, mas eu acho que eu sou orgulhoso demais para pedir ajuda. Então, eu me ajudo ajudando os outros. E eles sabiam disso», contou.
«Pegando coco, pegando polvo, pontuando, conversando, dando algum conselho, dando alguma bronca, algum toque. Eu aliviava toda essa solidão sendo ajudado e ajudando o outro. Outra coisa que eu me apeguei muito, que eu achei que eu não pudesse me apegar mais, foi a mim. Eu não sabia que eu podia sentir tanta falta de mim mesmo fora daqui. A pessoa que eu fui me tornando é muito diferente da pessoa que eu era. Uma revolução única e completamente interna, mas eu me sinto diferente», disse.
«Apesar da falta de comida, da falta de conforto, do jogo, eu sou uma pessoa honesta. Nem eu achava que eu era. Não passei por cima de ninguém, de acordo com os meus pontos de vistas e meus critérios. Não passei por cima da minha ética, que eu nem sabia que tinha uma também. Eu me mantive uma pessoa honesta, do início até o final, independente da fase que eu estava passando. Acho que essa descoberta, para mim, foi meu grande prêmio», afirmou ainda.
«Vou cair no clichê de falar que as experiências são a melhor coisa do reality, mas realmente são. As experiências são as coisas mais reais que aconteceram aqui. Não estão sujeitas à cotação do dólar, não estão sujeitas a nada. Vão morrer junto comigo e eu posso até tentar contar, mas ninguém nunca vai entender porque não viveu o que a gente viveu. Então, as experiências são as coisas mais preciosas que a gente teve aqui dentro», continuou.
Questionado sobre seu relacionamento com Carol Almeida, Vance afirmou que viu nela um «alter ego». «A Carol serviu de contrapeso para toa a responsabilidade e trabalho que eu tinha de arcar aqui dentro. Era muito legal vê-la sendo autossuficiente e, ao mesmo tempo, a relação que ela tinha de cuidar de mim. Ela foi a única pessoa que sabia quando eu estava mal, porque eu nunca demonstro. Uma duas ou três vezes ela conseguiu notar. Eu estava desesperado, mas eu estava plácido. Assim como quando eu comi aquele caranguejo e fiquei gritando: ‘Por fora estou plácido, mas por dentro eu estou histérico'», afirmou.
«Eu tive febres, eu tive dores, eu tive machucados. Mas meu problema é um problema meu. E eu achei muito sensível da parte dela notar e me apoiar, porque eu precisei. Precisei pra caramba. E ao mesmo tempo, a Carol foi meu reality aqui dentro. Eu assisti à mudança da Carol, a pessoa que ela foi se tornando ao longo do jogo. Foi uma coisa absurda como uma pessoa consegue se transforar e se tornar tão forte. E vindo do local mais inesperado, porque nem ela esperava», disse ainda.
«Eu lembro dos últimos dias, antes de ela sair, que eu estava me sentindo muito fraco porque eu estava sem comer direito há muito tempo. Eu estava sentindo minhas articulações frágeis e querendo sair por causa disso. E, ao mesmo tempo, eu olhava a Carol com o ombro deslocado dizendo: ‘Bota de volta esse negócio’. Cara, qual o critério de força aqui dentro? Ela me detonou ali», elogiou.
«Antes de ela sair, eu falei: Nós chegamos aqui juntos e até aqui somos tão fortes quanto o outro. Não te carreguei em nenhum momento e até esse momento somos completamente iguais. Tenho muito orgulho daquela mulher, uma mulher incrível. Guerreira, não só de título, mas acho que a pessoa que ela se tornou. A Carol se tornou uma Guerreira, talvez incurável, e eu não sei como ela vai levar a vida agora após isso porque é difícil ser forte. Porque quanto mais forte, mais solitário você é, e é um paralelo muito difícil de se levar», garantiu.
Com uma admiração por Jorge Goston e um amizade quase que instantânea com Pedro Scooby, o professor de Parkour ficou dividido com a sua torcida final. «Eu apoiei o Capitão do início até o final e votei uma vez nele porque não tinha o que fazer. Fiz esse último ponto, que foi contra o Marcel, para tirar ele de ir À Deriva. Não sei como seria eu contra ele. Contra os outros, eu tinha certeza de que iria sair. Mas ao mesmo tempo, eu sou muito fã do Scooby. Entrei aqui com um baita preconceito porque uma amiga minha, sem nenhuma explicação, disse que não gostava dele. Eu falei: ‘Garota, vou ganhar dele para você’. Mas eu cheguei aqui e, cara, que maluco sangue bom. Então é muito legal o Scooby ganhar sem ter feito todos aqueles jogos pesados que diversas pessoas fizeram e, ao mesmo tempo, é muito legal ver o Capitão ganhando», disse.
«Porque o Jorge é bom em tudo. Ele é multifacetado. Não tem nada que ele não sabia fazer. A minha admiração por ele é incrível. Ele levou um time até a final e ele me trouxe até aqui. O resto da galera é de pessoas incríveis também, mas eu estou torcendo por eles dois. Então, fiquem por vocês. Decidam: Capitão ou Scooby», finalizou.
Veja entrevista com Vance após a eliminação: