Este é um momento importante na vida de Florence Welch. Às vésperas de completar 32 anos, a cantora britânica encara o fato de definitivamente ser uma adulta e enfrenta seus dramas, portanto, de cara limpa.
Foi sob esse lema que ela criou “High as Hope”, o quarto álbum de estúdio da banda Florence and the Machine, lançado na última sexta (29).
O encontro com um jeito mais maduro de ver a vida fez com que ela apresentasse ao longo das dez novas faixas uma reflexão íntima, mas honesta, sobre temas como as dores de crescer, a felicidade irresponsável da juventude, relacionamentos amorosos e sua relação com a arte.
O distúrbio alimentar vivido na adolescência se transformou no single “Hunger”, que cria uma conexão com o público ao expor a vulnerabilidade da cantora nessa posição. O abuso de anfetaminas, despertado no auge da euforia das primeiras turnês, é visto sob um olhar adulto em “South London Forever”.
Em algumas faixas, Florence ainda solta o vozeirão e investe nos coros e orquestras de tom pomposo que marcam seus discos anteriores, mas a grande novidade – e beleza – desse novo trabalho é justamente não ter medo de fazê-la explorar o lirismo de cantar de forma mais contida e com letras mais simples e diretas, sem rodeios.
Com isso, a cantora deixa pouco a pouco o melodrama que lhe deu fama para encontrar a força dos dramas reais, cheios de som, fúria e – por que não? – potência poética.