Ser mulher é mesmo complicado nos dias de hoje. Além de terem salários menores que homens e ocuparem menos cargos de chefia que eles, mesmo com escolaridade mais alta, elas também consomem menos atividades culturais, apesar de terem mais interesse nelas que o público masculino.
O dado é da pesquisa “Cultura nas Capitais”, realizada pela consultoria J. Leiva entre 14/6 e 27/7 de 2017 e revelada na terça-feira (24).
O levantamento ouviu 10.630 pessoas em 12 capitais brasileiras e traça um panorama do consumo cultural ao longo de um ano a partir de recortes de gênero, raça, escolaridade e renda, entre outros, com o objetivo de encontrar respostas para o que determina o acesso à cultura no Brasil, subsidiando investimentos e políticas públicas para o setor.
O cruzamento dos dados aponta que mães de crianças com até 12 anos têm seu consumo cultural mais afetado do que os pais com filhos na mesma faixa etária – que, apesar de acessarem menos atividades que os solteiros, estão com folga à frente das mulheres no consumo efetivo.
Eles também se dizem menos interessados nas atividades do que elas, mas conseguem concretizá-las muito mais que o público feminino. A pesquisa ainda aponta que a escolaridade é mais determinante ao acesso cultural do que a renda.
“A mudança de faixa de escolaridade representa uma chance duas vezes maior de aquela pessoa consumir cultura do que a mudança de faixa de renda”, explica o pesquisador Diego Vega.
Isso também explica o porquê de pessoas com mais de 40 anos – que têm menos escolaridade – participarem menos de atividades. “Provavelmente as futuras gerações vão acessar mais cultura que as de hoje”, afirma João Leiva, diretor da consultoria, referindo-se à ampliação da cobertura de ensino no país nos últimos 20 anos.
Outro dado relevante é o entendimento de cultura como socialização. Só 11% disseram ir sozinhos a essas atividades, potencializando a escola como influente na decisão dos hábitos culturais.