É difícil viver no ambiente virtual e nunca ter cruzado com uma história como a mostrada em “Ferrugem”, que estreia hoje.
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No longa-metragem de Aly Muritiba, vencedor dos Kikitos de melhor filme e roteiro no último Festival de Gramado, uma adolescente tem a vida transformada em inferno após um vídeo íntimo seu com outro garoto da escola vazar entre os colegas.
Sem comunicar o fato aos pais e professores ou mesmo encontrar apoio nos amigos, ela acaba isolada e toma atitudes que vão levar as pessoas a seu redor a repensarem seu comportamento.
O longa é dividido em duas partes bem diferentes uma da outra. A primeira, mais pop e inspirada na agilidade da internet, se aprofunda nas relações contemporâneas entre os adolescentes, sempre grudados em seus smartphones. A segunda, mais reflexiva e silenciosa, propõe uma discussão sobre culpa e tomada de consciência.
“O filme mostra quanto jovens em formação de caráter podem exercer crueldades”, diz o diretor. “Mais importante do que descobrir quem é o responsável por ter vazado o vídeo é saber o que se vai fazer a partir disso”, afirma o diretor, para quem “Ferrugem” é um filme para toda a família.
“Acredito que ele pode gerar uma conversa intergeracional. Como a primeira parte tem um bom engajamento com os jovens, acho que depois fica difícil de eles saírem da sala”, diz.
O lançamento de “Ferrugem” será acompanhado por uma campanha batizada de “E agora que você sabe?”, convocando o público a pensar sobre suas ações. O site do longa também contém informações úteis para quem é vítima do tipo de exposição retratada nele.
Este é o segundo filme de uma trilogia de Muritiba em torno da imagem. Se agora o gatilho da trama vem de um vídeo de celular, em “Para Minha Amada Morte” (2015), ela se desenrola a partir de um registro em VHS. “Me interessa muito o poder que a imagem tem de preservar memórias e desencadear histórias”, diz ele.