Para a atriz americana Madeline Brewer, interpretar Janine na série “The Handmaid’s Tale” é um desafio e tanto. A personagem envolve uma compreensão do processo de maternidade e o sofrimento das regras perversas do regime totalitário de Gilead – o país fictício no qual os Estados Unidos se transformam e no qual se desenrola a trama criada pela romancista Margaret Atwood. Publicado em 1985, o livro faz uma crítica social à forma como as mulheres são tratadas hoje a partir de uma distopia em que jovens férteis são vendidas, estupradas e exploradas para garantir bebês à classe dominante.
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Brewer dá vida a uma dessas garotas, que engravida de seu mestre e vê o bebê ser tirado de seus braços após o nascimento.
A atriz de 26 anos explicou ao Metro Jornal que, ao longo da segunda temporada, atualmente exibida aos domingos, às 21h, no canal pago Paramount, quer deixar uma mensagem de empoderamento feminino porque, apesar de a série ser fictícia, ela é carregada de crítica social.
Qual é a relação de “The Handmaid’s Tale” com o mundo moderno?
Parece que a série tem como tema principal o respeito aos direitos das pessoas. Tudo o que acontece na série – obviamente ficcional – guarda uma mensagem e uma crítica para o que está acontecendo com o mundo de hoje. Você vê o que está acontecendo e se sente com raiva e frustração? Então você pode tomar alguma atitude em relação a isso, que é justamente está acontecendo no mundo. Esta série é definitivamente mais do que apenas entretenimento, ela provoca reflexões sobre questões como aborto e infertilidade.
Na primeira temporada, Janine é apresentada como uma mulher dócil e inocente. Como tem sido a evolução da personagem?
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Desde o início, eu sabia que interpretar Janine envolveria muitos desafios em minha carreira, porque ela é bastante complexa. À primeira vista ela parece inocente, mas depois que passa a desejar uma vida de verdade, ela não quer deixar seu otimismo de lado e, para mim, isso é a torna poderosa.
Quais são os maiores desafios de interpretar Janine?
É muito interessante ver o mundo na pele de outra pessoa e explorar diferentes facetas de uma personagem como essa. Neste caso, acho que um dos maiores desafios é mostrar o processo da maternidade, porque eu nunca tive filhos, mas vivi com muitas mulheres que têm e isso me ensinou como é a experiência de ter uma criança. Há uma cena particular com um bebê que foi muito intensa e foi a mais complicada.
Você acha que sua personagem provoca empatia com as mulheres?
Sim, definitivamente. Minha personagem tem um bebê, mas não pode ficar com ele. Isso fez com que muitas mulheres me escrevessem mensagens contando suas próprias histórias. Parece que a série se conecta bastante com as pessoas porque elas se veem refletidas ali e sentem que a história delas também está sendo contada. Acho que há ainda muitos estigmas em questões como aborto e infertilidade e isso provoca empatia nas pessoas que vivem esse tipo de situação, ao mesmo tempo em que torna mais sensíveis as pessoas que estão distantes dessas questões.
Como é trabalhar com Elisabeth Moss, a estrela da série?
Adoro trabalhar com ela, porque Elisabeth é uma atriz com um talento original e não é uma pessoa superficial. Ela sempre busca personagens que mostrem problemas sociais ou tenham uma mensagem para passar, todas essas coisas combinadas, com sua personalidade multifacetada, a tornam uma atriz única.
A série tem sido criticada por ser muito violenta. O que você acha disso?
É uma série com muitos conflitos e é natural que haja cenas fortes de violência, porque a história é marcada por isso. No entanto, não sei o que pensar sobre essas críticas. Acho engraçado que as pessoas vejam violência real na mídia e não façam nada em relação a ela, mas, quando a veem em uma história ficcional, começam a reclamar. Acho isso contraditório.