A história de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha (1917-1988), foi contada recentemente no teatro e em um especial na TV. Em ambos, com o ator Stepan Nercessian, 64 anos, interpretando o Velho Guerreiro. No longa de Andrucha Waddington, que estreia nesta quinta-feira (8), mais uma vez o ator goiano encarna o personagem, vivido por Eduardo Sterblitch na fase jovem.
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Orçado em R$ 11 milhões, o longa acompanha a vida de Chacrinha desde que ele largou a faculdade de medicina, em Pernambuco, e veio para o Rio, iniciando a carreira no rádio. Depois, mostra o início na TV até o seu auge, intercalado por dramas pessoais. Ao Metro Jornal, Stepan conta como foi embarcar na pele de Chacrinha.
Relação com Chacrinha
“Eu conheci o Chacrinha em 1972, quando cheguei à TV. Nunca tive intimidade, mas sempre fui seu admirador. Em 1982, fui ao programa ‘Cassino do Chacrinha’, na Globo. A lembrança que eu tenho é desse grande personagem que transmitia alegria o tempo todo. Foi o maior DJ do Brasil, responsável por uma boa parte do sucesso da música popular brasileira, o cara que mais misturou gêneros e estilos em um programa. Nunca mais aconteceu isso. Era Gilberto Gil de um lado, do outro era Raul Seixas com Cauby Peixoto, então ele mostrava essa salada brasileira, que é muito interessante.”
Revolução na TV
“Vejo o Chacrinha como um cara revolucionário, que transformou a televisão. A gente tem a impressão que tudo para ele era fácil, mas teve muita pedreira. Chacrinha brigou com todo mundo, enfrentou a censura, a Igreja, os psiquiatras, que diziam que ele não podia comandar um programa de TV. A censura queria vestir as chacretes e os donos de TV diziam que ele tinha que ser mais bem comportado. Mas, ele não arredou pé de jeito nenhum. Isso causou momentos de muita angústia, de ele sair de uma emissora e ir para outra, e veio a fama de que brigava com todo mundo. Ao mesmo tempo, era perfeccionista. Todos os programas hoje têm alguma pitada de Chacrinha.”
Caretice de volta
“Hoje em dia, Chacrinha iria enfrentar uma resistência muito maior. A caretice está voltando e está muito pior do que lá atrás. Acho que ele ia enfrentar essa resistência do mesmo jeito. Tem gente que fala que se ele estivesse vivo, seria YouTuber [risos].”