Desde o último fim de semana, o showbusiness tem sido invadido pelo retorno às manchetes de Ted Bundy (1946-1989). Nos anos 1970, ele se tornou um dos assassinos em série mais conhecidos dos Estados Unidos após ter sequestrado e matado mais de 30 mulheres. Pelos crimes, foi condenado à morte, sendo executado por eletrocussão.
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O forte apelo midiático do caso – em especial de seu julgamento – é retomado 30 anos depois na forma da série documental “Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy”, que estreou semana passada na Netflix.
Em paralelo, o Festival de Sundance exibiu no último sábado o filme “Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile”, no qual Zac Efron dá vida ao criminoso.
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Baseado em um livro homônimo, a série em quatro episódios poderia ser vista apenas como mais uma incursão no gênero cada vez mais popular dos seriados documentais. Sua abordagem, no entanto, tem sido bastante criticada nas redes sociais ao colocar a perspectiva do criminoso em primeira pessoa.
O argumento é de que, ao dar literalmente voz a ele, a partir de depoimentos registrados no corredor da morte, a Netflix coloca Bundy sob os holofotes às custas dos crimes praticados por ele. Outra crítica é ao fato de a produção supostamente tentar explicar os atos hediondos do assassino.
Apesar disso, “Conversando com um Serial Killer” se dá ao trabalho de colocar as vítimas em evidência. Para tal, o diretor Joe Berlinger – que também assina o longa – sobrepõe as fitas de Bundy com segmentos inteiros sobre a vida das mulheres que ele sequestrou e matou brutalmente.
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“Tenho ciência da ligeira hipocrisia que há em contar histórias sobre os piores pesadelos das pessoas. Mas gostaria de pensar que há aspectos a serem aprendidos aí sobre a condição humana e mudanças sociais”, diz o cineasta.
Na visão de Berlinger, o documentário busca traçar um paralelo do nosso fascínio moderno com o gênero policial com a fonte das informações que ele retrata. “Podemos rastrear a explosão desse tipo de conteúdo ao próprio Bundy. Para mim, ele está na origem do apetite do público por esse tipo de conteúdo.”
Ele se refere ao julgamento de Bundy, em 1979, que recebeu a cobertura de 250 repórteres de todo o mundo.
“Acho que precisamos refletir sobre o que esse gênero nos trouxe para o bem e para o mal”, diz o diretor.
Longa ressalta caráter sedutor de Ted Bundy
Assim como a série da Netflix, o filme “Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile” (“extremamente malvado, chocantemente maldoso e perverso”, em tradução livre) também estreou sob olhar atento de quem temia ver Ted Bundy romantizado.
No entanto, a abordagem adotada pelo diretor Joe Berlinger para o longa (ainda sem previsão de estreia comercial) tenta humanizar o personagem, mas por um viés crítico.
Na pele de Zac Efron, ele é apresentado como um sujeito charmoso e sedutor, incapaz de levantar qualquer suspeita sobre o grau terrível de seus crimes. Com isso, o filme aciona um sinal de alerta no público: o assassino, no fim das contas, pode ser qualquer um.
Assista ao trailer da série da Netflix: