Em 2016, o mundo foi formalmente introduzido a Kendrick Lamar na cerimônia do Grammy. Vestido em trajes de presidiário, ele montou um verdadeiro espetáculo para falar sobre a crise carcerária, o racismo e a violência nos Estados Unidos. Neste domingo (7), o rapper foi headliner do último dia do festival Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos – agora com lugar ainda mais consolidado como um dos maiores e mais influentes rappers da atualidade.
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Kendrick chega com um estouro, literalmente. Ele, em si, é uma explosão à parte, com sua energia, dicção rápida e cortante. Suas linhas – ele começa com “DNA”, após a introdução “Kung Fu Kennedy” – não só tem boa cadência, como uma profundidade considerável no conteúdo. Lamar foi premiado com um Pulitzer, em 2018, pelo seu álbum mais recente, “DAMN.”.
“Levou muitos anos para eu chegar ao Brasil”, diz, antes de introduzir “Big Shot”, hit em parceria com Travis Scott. “Finalmente estou aqui”. E os brasileiros o receberam com euforia, gritando a plenos pulmões a cada início de música e acompanhando até alguns dos versos mais complexos com a própria voz.
Lamar não costuma variar seu setlist. Seguindo à risca a lista utilizada em shows anteriores, inclusive nas edições do Lollapalooza em outros países, ele emenda um hit em outro de forma perfeitamente planejada e ensaiada. A figura de Kendrick, no entanto, é tão espontânea que acaba não parecendo um show enrijecido ou previsível.
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Ao final de “Collard Greens”, cover do rapper parceiro de Kendrick, ScHoolboy Q, ele chama seus fãs – a plateia se divide entre estes, e quem não conhece tão bem – para um “teste”. Começa, então, “Swimming Pools (Drank)”, canção mais antiga, que integrou a trilha sonora do game de sucesso GTA V.
A montagem de palco de Kendrick nesta edição do Lollapalooza foi simples. Ele tem para si a parte maior do palco, por onde anda casualmente durante a performance. Uma banda ao vivo ocupa um espaço pequeno ao fundo. A parte instrumental é mesclada entre o ao vivo e a gravação. Alguns vocais e refrões também são tocados a partir de gravações, mas os versos ficam por conta do rapper.
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O show de Kendrick passa rápido, e é o headliner com menos tempo a se apresentar no palco Budweiser. O último dia de Lollapalooza é mesmo mais curto, encerrando pouco após as 22h.
Um dos pontos fracos está no uso pouquíssimo criativo dos telões e projeções que decoram o palco. Já que Kendrick é, por quase todo o show, o único ponto focal – vez ou outra, imagens ou vídeos simples são exibidos, mas são escassos –, os fãs próximos à grade aparecem frequentemente no telão. Para quem está aparecendo, certamente é algo divertido, porém acaba entediando o restante do público.
É realmente uma pena, já que, na introdução e nos intervalos com os minicurtas de “Kung Fu Kenny”, efeitos muito bem produzidos fizeram da entrada de Kendrick algo realmente espetacular.
Todavia, o talento e o carisma já consagrados de Kendrick Lamar bastam para fazer uma boa performance. Foi o que ele entregou, embora sem grandes surpresas.