“Nunca foi a nossa intenção se manter em um caminho”, conta Tim Bernardes, ao falar sobre as muitas mudanças na sonoridade d’O Terno desde que a banda começou há 10 anos, entre amigos em um colégio de São Paulo – além de Tim, Guilherme D’Almeida (baixo) e Gabriel Basile (bateria, que entrou depois na banda).
No fim de abril, o grupo lançou “<atrás/além>”, seu quarto álbum que poderia muito bem ser um “novo primeiro”. Com cada registro carregando uma roupagem diferente, a sensação é de frescor em 12 músicas que divagam sobre as relações humanas e o peso do tempo – passado, presente e futuro.
Ao contrário dos discos anteriores, Tim não quis aproveitar suas letras e melodias guardadas e começou o trabalho do zero, com tudo escrito em folhas sulfite. “Depois de escrever umas quatro músicas eu entendi que elas estavam conversando sobre o mesmo assunto, que é esse momento de transição na vida amorosa, a chegada na vida adulta”, explica.
O resultado é um álbum mais denso, com o domínio do piano e do violão no lugar das guitarras distorcidas, além de arranjos orquestrados e metais. Destaque para “Pegando Leve”, primeiro clipe, que evidencia o cansaço de uma geração que quer tudo (“Quero trabalhar mas também quero sair / quero descansar mas quero me divertir”).
Cinco faixas carregam barras em seus títulos, como “Nada/Tudo” e “Passado/Futuro”. “Os contrastes são sobrepostos, é como um filme que é drama e comédia, é ver o vazio como um canto que se pode criar.”
Para aliviar o clima, o samba de “Bielzinho/Bielzinho” homenageia o baterista, carinhosamente chamado de Biel, com bom humor e um coro de peso, formado por Ana Frango Elétrico, Luiza Lian, Maria Beraldo, Maria Cau Levy e Tulipa Ruiz. Já “Volta e Meia” traz versos cantados pelo americano Devendra Banhart e o japonês Shintaro Sakamoto, em um bolero com refrão fácil de se pegar cantando sozinho.
Dentro do álbum ainda sobram referências para os discos anteriores. A identificação dos fãs com as letras de Tim também influenciou na maneira em que as canções são transmitidas. “Compus mais ciente de que, quando estou falando de mim, esse eu lírico pode ser transferido para o público. Os ingredientes do sujeito contemporâneo que têm em mim são os mesmos em muitas outras pessoas.”
A estreia de “<atrás/além>” ao vivo será em três apresentações no Auditório Ibirapuera, entre os dias 17 e 19 desse mês. O grupo promete um show intimista, focado no novo trabalho, mas sem deixar de lado as favoritas da discografia. Todos os ingressos já estão esgotados.