O fato de ter incorporado o bonzinho Dr. Spock na mais recente franquia cinematográfica de “Star Trek” parece um ponto fora da curva na trajetória de Zachary Quinto, comumente escalado para encarnar vilões, como o serial killer Sylar, da série “Heroes”, e o enlouquecido dr. Oliver Thredson, de “American Horror Story: Asylum”.
A maldade também ronda Charlie Manx, o personagem vivido pelo astro em “NOS4A2”, que estreia nesta segunda-feira (3), às 22h30, no canal pago AMC.
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A trama é baseada em um livro de Joe Hill – filho de Stephen King – e coloca Quinto como um sujeito de 135 anos que suga o vigor de crianças para se manter jovem.
Para além da dicotomia entre bem ou mal, o que fez o astro aceitar esse trabalho foi a possibilidade de interpretar alguém complexo.
“Charlie explora a vulnerabilidade de crianças que se sentem abandonadas, negligenciadas ou abusadas pelos pais. Ele genuinamente acredita que as está salvando sem levar em consideração que ele também drena as forças vitais delas”, explicou o ator de 42 anos durante passagem por São Paulo para divulgar a série.
A vilania de Manx é combatida por Vic McQueen (Ashleigh Cummings), uma adolescente que se percebe capaz de encontrar coisas desaparecidas enquanto se dá conta de verdades inconvenientes sobre sua própria família.
“Os dois estão vivendo momentos de descobertas. Ela está descobrindo esse poder, enquanto ele percebe que precisa de apoio para lidar com todas aquelas crianças. Ao mesmo tempo em que se sente ameaçado, Charlie também se sente enfeitiçado por Vic e a vê como uma potencial figura materna para as crianças”, explica o ator.
O fato de enfocar essas transformações faz com que “NOS4A2” seja, no fundo, uma série sobre a perda da inocência, apresentada a partir de Vic ou mesmo das crianças capturadas por Manx e levadas por ele, em um Rolls Royce Wraith, para um lugar onde é Natal todo dia.
O carro, aliás, é um elemento importante. O título da série remete à placa dele e indica, em inglês, o nome do vampiro Nosferatu.
“Charlie escolheu essa placa mais como um aceno à natureza dele do que a qualquer tipo de conexão com histórias tradicionais de vampiro. O carro é uma extensão de Charlie, ele é um personagem com personalidade e poder próprios. Ele que é, na verdade, a presença maligna”, defende Quinto, que gostou do desafio de se transformar para o papel tanto no aspecto vocal quanto visual – as sessões de maquiagem levavam até três horas para a versão de Charlie aos 135 anos.
Seria esse um espelho de como o ator ficará na velhice? “Espero que não! Espero tomar mais cuidado com a minha pele do que ele”, brinca o ator.