O ano é 2027. Na Constituição, o Brasil continua como um Estado laico, mas seus costumes ficaram mais evangélicos do que nunca, com raves gospel substituindo o Carnaval e drive thrus de oração.
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Esse é o destino de nosso país de acordo com “Divino Amor”, que estreia nesta quinta-feira (27) após ser exibido nos festivais de Sundance e Berlim.
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A inspiração do diretor Gabriel Mascaro (“Boi Neon”) para imaginar essa distopia partiu da experiência de ver seus amigos de infância se converterem após a chegada de uma igreja evangélica ao bairro de classe média baixa em que ele morava, no Recife.
“Percebi com clareza a força que aquilo tem na vida de quem cresce com uma religião”, afirma ele.
O interesse do cineasta é discutir o controle que essas doutrinas exercem sobre o corpo dos fiéis, especialmente quando elas entram em sintonia com o Estado.
Mascaro problematiza ainda as concessões às vezes controversas que religiões fazem para transformar sua própria cultura em algo massivo.
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A protagonista do longa é a escrivã Joana (Dira Paes), que se vê com a missão de salvar os casamentos de quem chega ao cartório para se divorciar. Ela mesma teve sua união resgatada por uma terapia de casais regada a religião, dinâmicas de autoajuda e muito erotismo, mas a sonhada gravidez custa a vir.
A fé de Joana será testada quando um episódio leva essa irmandade a lhe dar as costas.
Para Dira, “Divino Amor” é um alerta. “Acho que quando a gente consegue fazer um filme que se relaciona com algo próximo, mas que ainda não está totalmente entre a gente, ele serve como uma reflexão, uma provocação e uma ousadia”, afirma a atriz.