Cinco anos depois de turbinar seu álbum “Rock’n Roll Sugar Darling” com uma dançante energia sexual, Thiago Pethit faz uma depuração soturna das baladas desse tempo em “Mal dos Trópicos”, seu quarto disco, que ganha show de lançamento nesta sexta-feira (12), às 21h, no Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel.: 3095-9400; R$ 40).
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Nele, o artista faz uma releitura paulistana do mito de Orfeu, que desceu ao inferno em busca de sua amada.
“Foi impossível não pensar sobre o Orfeu de Vinicius de Moraes, porque já é quase um mito brasileiro em si. Assim como o Orfeu de Jean Cocteau e de todos os outros artistas que já refletiram sobre esse arquétipo. O que temos em comum é o mito, transposto cada qual a seu tempo e à cidade”, explica Pethit.
Essa atualização é embalada por uma mistura de orquestrações sinfônicas com batidas de trip-hop, conferindo um clima noir à música.
“Não sei se essas canções, por tratarem de temas mitológicos, pediam este tipo de som ou se elas nasceram com temas míticos porque eu estava interessado nesta sonoridade clássicas”, afirma ele.
O álbum é composto por nove faixas bastante coesas, costuradas pelo produtor Diogo Strausz, que transportam o ouvinte para a São Paulo noturna cantada pelo músico.
“A ideia de um Orfeu que saiu da mitologia grega e caiu na cidade de São Paulo de 2019 precisava estar no som”, diz o artista, que agrega ainda o samba aos sons do disco.
“O samba, para mim, é um grande reflexo da dicotomia brasileira. Um país abusado, saqueado e até hoje massacrado pela pobreza e corrupção. Procuro olhar para essas sombras tropicais, os lugares onde a luz do clichê não incide.”