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Raul Seixas: 30 anos após a morte do ‘Maluco Beleza’, letras continuam atuais

Renato dos Anjos/Folhapress

As mensagens de Raul Seixas ainda ecoam depois de 30 anos de sua morte, completados neste 21 de agosto. A música foi seu transporte, o que ajudou a massificá-lo, mas seu pensamento seria certamente combustível para se tornar best seller em publicações filosóficas. A música de Raul teve seus méritos na história, sobretudo ao mostrar o quanto o discurso nordestino de Luiz Gonzaga andava de mãos dadas com o rock and roll, mas Raul estava preocupado sobretudo com a mensagem. Um exercício rápido mostra a força de um pensamento que, mesmo quando recorreu a inspirações ocultistas de Aleister Crowley, que poderiam acabar datados, estariam atuais 30 anos depois.

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Assim dizia Raul, isolando algumas de suas melhores frases: «Antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem que escrever o seu», «é chato chegar a um objetivo num instante», «A coisa mais penosa do nosso tempo é que os tolos possuem convicção e os que possuem imaginação e raciocínio vivem cheios de dúvida e indecisão», «A desobediência é uma virtude necessária à criatividade», «Do materialismo ao espiritualismo, é uma simples questão de esperar esgotarem-se os limites do primeiro.»

Seu existencialismo rendia algo de melancólico. «Não sei por que nasci, pra querer ajudar a querer consertar o que não pode ser. Carpinteiro do universo inteiro eu sou». «Eu perdi o meu medo da chuva. Pois a chuva, voltando pra terra, traz coisas do ar», «Há homens que nascem póstumos», «eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz.» Mas lá vinha a beleza trazida pela outra parte do mesmo Raul equilibrando-se no amor, o que evitava que se tornasse um niilista apocalíptico. «Só há amor quando não existe nenhuma autoridade», «O amor só dura em liberdade. O ciúme é só vaidade. Sofro, mas eu vou te libertar», «Como as pedras imóveis na praia, eu fico ao teu lado, sem saber dos amores que a vida me trouxe e eu não pude viver», «Hoje eu sei que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez» e a bela «Diga o que você quer, se acaso não quiser, feliz eu serei seu nada, mas um nada de amor.»

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