Lá se vão quase 120 anos que J. Carlos (1884–1950), então com 18 anos, estreou na imprensa. E, de lá para cá, é praticamente impossível não reconhecer os traços e a estética tão marcantes de sua obra, desenvolvida com tamanha originalidade e crítica ao longo de 48 anos. E o Instituto Moreira Salles apresenta a partir desta terça-feira (17) um recorte dessa intensa criação, na mostra “J. Carlos – Originais”.
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São aproximadamente 300 itens selecionados pelos curadores Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires, entre caricaturas, charges, cartuns, publicidade, entre tantas criações de J. Carlos, que teria publicado mais de 50 mil desenhos em suas quase cinco décadas de vida artística.
Essa seleção faz parte de uma coleção de cerca de mil originais, da coleção Eduardo Augusto de Brito e Cunha, sob a guarda do IMS desde 2015. De acordo com os curadores, privilegiar os originais é “revelar um pouco como trabalha um artista gráfico e o público pode acessar os bastidores da obra.”
Quatro partes
A primeira seção da mostra é dedicada às letras, vinhetas, rascunhos e logotipos. A segunda debruça sobre o Brasil, especialmente nos governos Eurico Gaspar Dutra (1946 – 1951) e Getúlio Vargas (1934 – 1945), além do cotidiano no Rio de Janeiro. O terceiro destaca sua cobertura da Segunda Guerra Mundial para a “Careta”; enquanto o último espaço é dedicado a sua produção infantil, Não tão conhecida.
Nesta terça-feira (17), às 19h, Cássio Loredano faz uma visita guiada e gratuita para explicar um pouco mais sobre o trabalho do artista.
Hollywood quem?
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Nos anos 1930, J. Carlos foi o primeiro brasileiro a desenhar Mickey Mouse, publicando seus desenhos em capas e peças da revista “O Tico Tico”. Em 1941, Walt Disney esteve no Brasil e ficou encantado com os traços de Carlos, o convidando a trabalhar em Hollywood. O brasileiro recusou o convite, mas como agradecimento pela proposta, enviou para Disney o desenho de um papagaio que, segundo historiadores, serviu de inspiração para a criação de Zé Carioca – sua primeira aparição foi em 1942.
Além da exposição
Para conhecer um pouco mais da obra de J. Carlos, está disponível no YouTube o mini-documentário “J. Carlos – O Cronista do Rio”, produzido por Sílvio Tendler e Norma Bengell, lançado em 2015.
Harun Farocki também ganha mostra no IMS
Outra importante mostra que será inaugurada hoje pelo IMS relembra a obra do artista visual alemão Harun Farocki (1944–2014). Serão sete obras, entre filmes e videoinstalações, distintas das outra sete apresentadas anteriormente no Rio – somadas, constituem a maior exibição de sua obra no Brasil.
Em São Paulo, “Harun Farocki: Quem é Responsável?” Reflete sobre o mundo do trabalho, um dos temas mais discutidos em suas obras, e como os meios de produção a as tecnologias moldam relações pessoais e organizações sociais.
Durante o período expositivo, até 5 de janeiro de 2020, o IMS exibirá sempre às sextas e sábados, às 12h, filmes feitos por Farocki: “A Saída dos Operários da Fábrica” (1995), “Natureza-Morta” (1997) e “Sauerbruch Hutton Arquitetos” (2013). A programação paralela incluíamo-nos ainda conversas com Kevin B. Lee (amanhã, às 18h), Patrícia Mourão (dia 16/10, às 19h30), e Giselle Beiguelman (dia 30/10, às 19h30), todas com entrada gratuita e retirada de senha uma hora antes