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The Offspring e Bad Religion trazem calor californiano a São Paulo

The Offspring durante show em São Paulo no Rock Station Ricardo Cardoso/Espaço das Américas

Se o público que pegou a fila para entrar no Espaço das Américas, zona oeste de São Paulo, já reclamava da noite quente de terça-feira (29), mal podiam imaginar o forno que estava do outro lado dos portões.

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O calor era californiano: The Offspring e Bad Religion, dois dos maiores representantes do punk rock dos últimos quarenta anos, subiriam ao palco do festival Rock Station para uma casa lotada – apesar de ser um show no meio da semana.

Público no festival Rock Station
O Espaço das Américas recebeu oito mil pessoas para ver Bad Religion e The Offspring

Bad Religion

Mais velha entre as duas, o Bad Religion abriu os trabalhos por volta das 21h10, com um show de 1h10 e 25 músicas – 12 dos 17 álbuns foram contemplados, e claro que «Into the Unknown» (1983) seguiria firme no esquecimento. A primeira foi «21st Century (Digital Boy)», mais do que suficiente para levantar o público, que não parou mais.

O vocalista Greg Graffin, aos seus 54 anos, compensa a (hoje) menor energia no palco com uma voz certeira e um carisma que deixa sorrisos nos rostos dos fãs. Seu lado «tio do churrasco» aparece quando apresenta algumas das músicas, sempre cantadas com interpretação marcante da mão livre do microfone (normalmente apontando para alguma coisa).

Greg Graffin, do Bad Religion
É, Greg Graffin, os cabelos brancos vieram!

A idade e experiência dos membros é outro fator positivo para o show. A reprodução das músicas é perfeita, com a forte presença dos vocais harmonizados que são marca registrada do Bad Religion. A performance do baterista Jamie Miller, membro desde 2015, também é uma atração a parte – eu não gostaria de ser aquele chimbal.

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No meio do show, um grande coro em protesto ao presidente Jair Bolsonaro chamou a atenção da banda, com Graffin motivando as pessoas a manterem os gritos. O baixista Jay Bentley brincou «eu não sei o que estão falando, vocês estão falando besteira?»

Jay Bentley, do Bad Religion
Jay Bentley é um dos mais agitados do Bad Religion

O setlist do Bad Religion misturou sucessos e favoritas dos fãs, como a mais recente «Fuck You» e as clássicas «Sorrow» e «Infected», com algumas canções de seu mais recente álbum, «Age of Unreason» (2019). A sequência final, «Fuck Armageddon… This Is Hell» e «American Jesus», maior coro da apresentação, elevou ainda mais a temperatura. Só faltava The Offspring.

Setlist:

  1. 21st Century (Digital Boy)
  2. Fuck You
  3. Anesthesia
  4. Chaos From Within
  5. Stranger Than Fiction
  6. The Dichotomy
  7. Recipe for Hate
  8. End of History
  9. The Handshake
  10. I Want to Conquer the World
  11. New Dark Ages
  12. Lose Your Head
  13. Automatic Man
  14. We’re Only Gonna Die
  15. Modern Man
  16. Infected
  17. You
  18. Overture
  19. Sinister Rouge
  20. Generator
  21. Do the Paranoid Style
  22. Los Angeles Is Burning
  23. Sorrow
  24. Fuck Armageddon… This Is Hell
  25. American Jesus

Nota do repórter: o Bad Religion tem músicas incríveis, mas para mim não há nada como as duas que tocaram do primeiro álbum («We’re Only Gonna Die» e «Fuck Armageddon… This Is Hell»).

Bad Religion em São Paulo
Bad Religion esquentou o público (literalmente)

The Offspring

Entre shows, boa parte do público correu para o hall de entrada do Espaço das Américas, onde o efeito do ar condicionado era muito mais efetivo do que no salão onde ocorreram as apresentações. Meia hora depois da primeira banda, as luzes se voltaram a se apagar e foi a vez do The Offspring botar oito mil pessoas para suar novamente.

E que sequência de abertura! «Americana», «All I Want» e «Come Out and Play» abriram rodas maiores do que as que se formaram no primeiro show da noite, com a voz do público ecoando forte sobre os instrumentos. Sem músicas do último álbum, «Days Go By», houve apenas uma canção desta década, «It Won’t Get Better», inédita que vem sendo apresentada desde o ano passado.

Dexter Holland, do Offspring
Com vocês, o doutor Dexter Holland!

O vocalista «doutor» Dexter Holland, como bem lembrou o guitarrista Noodles – o líder do grupo tem um doutorado em biologia molecular –, se revezava entre músicas com e sem sua guitarra. Em alguns intervalos, a dupla trocava provocações e interagia com os fãs, que responderam positivamente.

Em um desses momentos, Noodles chamou uma sequência de dois covers: «Blitzkrieg Bop», do Ramones, e «Whola Lotta Rosie», do AC/DC. Enquanto o primeiro foi curto e abraçado pela plateia, o segundo podia ter sido finalizado após o primeiro refrão, mas acabou sendo uma oportunidade de respiro dos fãs.

No total, em cerca de 1h10, The Offspring tocou 18 músicas, mesclando sua fase mais punk («Bad Habit», «Gotta Get Away») com canções de influências do pop («Come Out And Play» e «Pretty Fly (For a White Guy)»). Em «Gone Away», uma mensagem do vocalista sobre perder pessoas queridas e uma versão com piano que também serviu como descanso, mas prendeu a atenção e arrancou aplausos.

Offspring em São Paulo
Show teve covers de Ramones e AC/DC

O bis contou com «You’re Gonna Go Far, Kid» e «Self Esteem», responsáveis pela última camada de suor que pingou no chão da pista. Dexter agradeceu em nome das duas bandas e o público chamado por Noodles de «sexy» (que em português também é «sexy»?) aplaudiu na mesma medida. Como recompensa, o clima de São Paulo às 0h, fim do evento, estava mais ameno, refrescando após uma grande aula de punk.

Setlist:

  1. Americana
  2. All I Want
  3. Come Out and Play
  4. It Won’t Get Better
  5. Want You Bad
  6. Genocide
  7. Staring at the Sun
  8. Blitzkrieg Bop (cover do Ramones)
  9. Whole Lotta Rosie (cover do AC/DC)
  10. Bad Habit
  11. Gotta Get Away
  12. Gone Away
  13. Why Don’t You Get a Job?
  14. (Can’t Get My) Head Around You
  15. Pretty Fly (For a White Guy)
  16. The Kids Aren’t Alright
    Bis:
  17. You’re Gonna Go Far, Kid
  18. Self Esteem

Notas do repórter: «(Can’t Get My) Head Around You» é simplesmente sensacional. Já as bolas e papéis higiênicos em «Why Don’t You Get a Job?» ajudaram a disfarçar uma execução bem regular do hit.

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