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Em ‘A Cidade dos Piratas’, Otto Guerra leva os piratas de Laerte aos cinemas

Nada tem muita lógica em “A Cidade dos Piratas”, terceiro longa de animação do diretor gaúcho Otto Guerra que chega nesta quinta-feira (31) aos cinemas.

Nada tem muita lógica em “A Cidade dos Piratas”, terceiro longa de animação do diretor gaúcho Otto Guerra que chega nesta quinta-feira (31) aos cinemas. Ao mesmo tempo, o público vai encontrar várias referências e boas piadas sobre situações e problemas diversos. Ou seja, cada um vê e constrói o seu próprio filme.

A “história” de “A Cidade dos Piratas” começa lá nos anos 1990, quando Otto Guerra resolveu adaptar para o cinema as tirinhas irreverentes dos Piratas dos Tietê, um dos grandes sucessos de Laerte – outras produções de Otto levaram cartunistas como Angeli, Verissimo e Iturrusgarai para o cinema. Como todo filmes  de animação no Brasil, o processo foi  demorado e trabalhoso, com o envolvimento de muitos profissionais e pelo menos oito tratamentos de roteiro.

Quando uma parte do filme já estava animada, Laerte começou a sua transição de gênero e passou a renegar os Piratas e outros personagens seus de comportamento machista ou conservador. “Fui visitar meu amigo e ele abriu a porta vestido de mulher, com as roupas que eram da sua mãe. E agora, como eu ia terminar este filme? O cara passou 57 anos mentindo sobre sua sexualidade, não tinha como manter aquele roteiro”, diz Otto.

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Em meio a esse dilema, o diretor ainda descobriu que  estava com câncer. “Eu pensei: vou morrer mesmo! Então o filme vai sair do jeito que eu quero”, revela.

Assim, “A Cidade dos Piratas” saiu com o subtexto “livremente inspirado na vida e obra de Laerte Coutinho” e, literalmente, mistura tudo: trechos prontos do filme original, depoimentos da nova Laerte, personagens recentes da cartunista – como um político homofóbico –, reflexões existenciais e todos os conflitos de Otto em relação a sua doença e a própria produção do filme, incluindo a briga com a produtora Marta Machado, que abandonou o longa no meio. Se alguém pensou em cinema marginal e sua falta de conexão, acertou em cheio.

“O pior é que não morri! Agora tenho que responder sobre meu filme-testamento”, debocha Otto, com uma longa gargalhada. Para ele, o mais importante é que a Laerte gostou do filme. “Pensando bem, os Piratas são umas múmias em relação ao que está acontecendo hoje em dia”, brinca.

Então, fica registrada a definição do próprio Otto sobre seu novo filme: “É uma explosão de sensações, poesia, sofrimento, dor e piadas. Na verdade, o mote é não ter mote!”.

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