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Bacurau inspira show coletivo no Sesc Pinheiros

Divulgação

Quando Duda Vieira foi ver «Bacurau» no cinema, as músicas do filme lhe causaram um maremoto de emoções. Pernambucano, ele percebeu que a trilha sonora do longa-metragem dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles representa a resistência de um povo sofrido e se entrelaça com o enredo do filme, que conta justamente a história de um povoado do sertão do Brasil que não está mais no mapa e é invadido por forasteiros, estimulando uma reação dos moradores. «Esse filme canta», pensou Duda.

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Ele é o idealizador e diretor artístico de Bacurau Show, espetáculo musical que será apresentado nesta sexta-feira (10) e sábado (11), no Sesc Pinheiros, com Ava Rocha, Fernando Catatau, Lirinha, Karina Buhr e três artistas que participaram do filme, Lia de Itamaracá, Rodger Rogério e Jr. Black.

O show tem Kleber e Juliano como entusiastas. «Quando tive a ideia, entrei em contato com eles para usar o nome, que é bastante pertinente e sonoro. Os dois adoraram a ideia», conta Duda. O diretor musical Régis Damasceno está à frente da banda de cinco instrumentistas, que além dele inclui Samuel Fraga (bateria), Charles Tixier (teclado e MPC), Thomas Rohrer (saxofone, flauta e rabeca) e Meno Del Picchia (baixo elétrico e sintetizador).

«Fiquei muito envolvido com o filme e não dissociei a trilha da atuação, me deu curiosidade de ouvir a trilha melhor. Por me sentir parte daquele universo, pensei no que poderia fazer», afirma Duda.

As escolhas feitas pelo diretor artístico também funcionam como uma homenagem ao cinema brasileiro, mais especialmente ao Cinema Novo. Por isso, faz sentido a presença de Ava Rocha, filha de Glauber, na escalação do show. Perseguição, que Glauber e Sérgio Ricardo escreveram para a trilha de Deus e o Diabo na Terra do Sol (1963), representa a ideia de resistência retratada em Bacurau.

Réquiem Para Matraga, música que está em Bacurau, é outra referência ao legado cinematográfico do País presente no show. A canção de Geraldo Vandré entrou na trilha de A Hora e a Vez de Augusto Matraga, filme dirigido por Roberto Santos em 1965. Kleber e Juliano utilizam a faixa no fim de Bacurau como símbolo da força dos moradores do lugar. «Vim aqui só pra dizer/ Ninguém há de me calar / Se alguém tem que morrer/ Que seja pra melhorar», canta Vandré.

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Duda ressalta o cuidado com que Kleber escolhe as músicas para os filmes que dirige. «Hoje», de Taiguara, foi grande sucesso no início dos anos 1970 e voltou a ser lembrada, assim como seu intérprete e autor, quando o cineasta incluiu a faixa como tema principal de Aquarius (2016).

«Hoje» foi incluída no espetáculo, que também joga luz sobre o repertório do trio que participou do filme e estará no palco do Sesc Pinheiros.

O cearense Rodger Rogério, intérprete do violeiro Carranca, faz parte da geração de conterrâneos que veio para o sul do Brasil nos anos 1970 em busca de um lugar ao sol. Colega de Belchior, Fagner e Ednardo, ele tem duas músicas de sua autoria no roteiro do show, as representativas Chão Sagrado e Ponta do Lápis.

Lia de Itamaracá, intérprete de Dona Carmelita, é considerada a «rainha da ciranda» e dá voz a temas tradicionais do estilo.

Os nomes da geração contemporânea que estão presentes no show também dão mostras de seus respectivos trabalhos autorais. Karina Buhr interpreta a recente Temperos Destruidores, que foi lançada no ano passado e bem poderia embalar cenas do cangaceiro Lunga, interpretado por Silvero Pereira. «Bombas incessantes sobre as cidades/ Mais intensidade no matar/ Ancestrais revirando tumbas/ Hordas de guerreiros zumbis/ Salpicam, polvilham balas e dores/ Por dedos dos homens destruidores», diz Karina na letra.

Bacurau Show também conta com outras canções que não estão na trilha sonora do filme, mas tratam de temas semelhantes aos da produção. «Como achei os personagens reais, pensei em selecionar coisas desse universo que poderiam estar no filme. O Nordeste está em permanente ataque sempre», analisa o diretor artístico.

A apresentação será intercalada pela trilha sonora original do filme, feita pelos irmãos Mateus e Tomaz Alves. Por enquanto, não há planos para um registro de Bacurau Show em disco. Mas Duda não descarta a possibilidade. «Por enquanto vamos ficar somente no show, mas é uma boa ideia. Um vinil disso seria lindo »

Bacurau Show – No Sesc Pinheiros (Rua Paes Leme, 195, Tel. 3095-9400.

6ª (10) E SÁB. (11), 21H.

R$ 12 A R$ 40

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