Após ser cancelada por sua participação no Big Brother Brasil, a cantora Karol Conká está de volta para falar sobre saúde mental. A curitibana foi uma das convidadas do programa “Trace Trends” (Multishow e Globoplay) e foi entrevistada pela apresentadora Xan Ravelli, que comanda a atração ao lado do ex-BBB 21 João. No bate-papo, elas conversaram também sobre o temperamento de Karol e sobre o machismo no mundo do rap.
Para Xan, a cantora relatou que não esperava ser cancelada ao participar do reality show Big Brother Brasil, mas que as pessoas apanham e também levantam. “Não sabia que eu era tão sofrida. Aí eu surtei e pronto, ‘é a psicopata’. Chegou um ponto em que eram os loucos chamando a outra de louca, mas ninguém vai se tratar?! Eu vou porque não quero ser essa pessoa aí que fica só apontando a loucura dos outros. Aprendi isso vivendo. «É triste, mas é a realidade: a gente apanha, mas levanta e segue. Não combina com o meu look, desistir”, afirmou a cantora de rap.
Já sobre seu jeito debochado, que foi extremamente criticado durante sua participação no programa da Globo, ela disse: «Também não tenho como mudar o meu jeito debochado porque o Brasil é debochado. Como é que exigem que eu seja uma pessoa mais séria, menos debochada, em um país onde as pessoas debocham da fome, debocham da morte, debocham da mulher preta, debocham dos erros… Eles debocham do deboche e aí vira um show de hipocrisia porque é um pedindo para o outro não fazer aquilo que ele está fazendo».
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Outro ponto debatido em sua entrevista ao “Trace Trends” (Multishow e Globoplay), Karol Conka falou do machismo que existe dentro e fora do rap. «Escolhi cantar rap porque tem rebeldia e eu me identifiquei com isso. Mas, no Brasil, ‘mulher rebelde’ não pode. A rebeldia parece que é só do macho. Chega uma hora em que… A nossa rebeldia não é compreendida nunca. Por trás de toda a rebeldia, tem um porquê. Muitas vezes, para a gente ser levada a sério, é só falando mais alto. E se você falar alto, você é louca. Nem preciso citar os exemplos do quanto o nosso país é machista. Se dependesse do machismo, eu já nem estaria mais aqui”.
Além do talento e do gosto pela música, segundo Karol, a escolha aconteceu para sobreviver e criar seu filho. «Aos 19 anos, engravidei e pensei: ‘acabou a minha vida’, como muitas meninas pensam porque é o que a sociedade faz a gente acreditar e é o que muita gente faz a gente viver achando que é. Vamos falar a verdade: as mães solteiras, periféricas, pretas, ninguém leva a sério. E era assim que eu sabia que ia acontecer comigo, eu falei, ‘vou brigar até o fim’, até conseguir provar que, sim, sou uma artista, sim, sou merecedora de reconhecimento pelo meu trabalho».