A Cinemateca Brasileira retomou suas atividades na última quinta-feira (18), após 15 meses de sede fechada. Sob nova gestão, a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) firmou um contrato emergencial com a Secretaria do Audiovisual do Ministério do Turismo, com duração de três meses.
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A Cinemateca, mais antiga instituição de cinema do país e responsável pela preservação do maior acervo audiovisual da América Latina. Profissionais da área técnica, que já trabalharam na Cinemateca e haviam sido demitidos em agosto de 2020 (entenda mais abaixo), estão sendo recontratados aos poucos e começam a reocupar seus postos.
Eles retornam para avaliar possíveis danos ao acervo, após tanto tempo fechado e um incêndio, que atingiu espaço anexo em julho deste ano. Os fundos que vão sustentar a Cinemateca nesse momento são provenientes da Fundação Vale. A professora Maria Dora Mourão, diretora executiva da SAC, conduzirá a instituição até que um contrato permanente seja assinado.
O local ainda não está recebendo público geral, mas o acervo de Banco de Conteúdos Culturais, no site da Cinemateca, já está novamente disponível.
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Contexto histórico
A instituição esteve no meio de um fogo cruzado desde 2018, quando saiu da responsabilidade do Ministério da Cultura e foi direcionada para a pasta da Educação. Pouco depois, o espaço passou para o gerenciamento de uma organização social (OS), a Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp).
Contudo, em 2019, o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub decidiu romper com a Acerp e deixou de fazer os repasses de verbas de manutenção da instituição, sob o argumento de “combate à doutrinação e ao marxismo cultural”. A partir de então, todos os funcionários começaram a ter problemas com pagamento de salários - o que resultou em uma demissão em massa em agosto de 2020.
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Em maio de 2020, o presidente Jair Bolsonaro tentou colocar a ex-secretária especial de Cultura, Regina Duarte, no comando da instituição, sem sucesso. Dias após as demissões de agosto de 2020, o Governo Federal retomou o comando da Cinemateca por meio da Secretaria Especial de Cultura, quando o secretário Mário Frias tomou as chaves do local com escolta da Polícia Federal.
Desde então, o espaço ficou fechado. Em julho deste ano, um espaço anexo na Vila Leopoldina pegou fogo. Além de filmes guardados do acervo da Cinemateca, o local abrigava mais de 1 milhão de documentos originalmente da antiga Embrafilmes, como roteiros, artigos e outros materiais – alguns com mais de 100 anos. Após o incêndio, o governador João Doria chegou a falar em transferência da gestão para o governo estadual, mas não obteve sucesso.