Em um mundo onde as redes sociais fazem a cabeça da garotada, como estimular a leitura entre crianças e adolescentes? Um projeto social está trabalhando com escolas e instituições para ajudar a desenvolver esse hábito. É o Programa Myra - Juntos pela Leitura, que une estudantes e tutores em prol dos benefícios da leitura.
Pesquisas de diversas instituições indicam que ler ajuda a desenvolver senso crítico e estimula a criatividade. Além disso, também é capaz de melhorar a forma como a pessoa se expressa, na fala e na escrita. Isso porque, ao ler, a pessoa amplia seu vocabulário e formula argumentos de maneira mais complexa.
“O Myra é inspirado em um programa chamado Lecxit, da Catalunha. Trouxemos para o Brasil, pela Fundação SM, idealizadora do projeto”, relata a gerente da Fundação SM, Mariana Franco. O projeto recebeu doações de material do Lecxit e foi adaptado à realidade brasileira.
O Programa Myra trabalha especificamente com os alunos de 4º a 6º anos do ensino fundamental, de escolas públicas. Eles aplicam uma prova nas turmas das escolas participantes e mapeiam que são aqueles que estão com mais dificuldade.
Os estudantes se reúnem com voluntários - cada criança recebe ajuda de um único adulto, de forma personalizada. Juntos, a dupla consegue descobrir qual o perfil de leitura do aluno.
“Não somos reforço escolar, não somos alfabetização, é outro lugar da leitura. O que ocupamos é uma tentativa de uma escuta dessa criança. Procuramos saber quais são os interesses e desejos. A partir daí, o voluntário vai trabalhando as indicações”, explica Franco.
No final do ano, o Myra aplica outra prova, para descobrir o novo desempenho da turma. As salas de aula sentem a diferença: em 2019, os alunos que participaram do projeto tiveram um crescimento de 37% de acertos na prova final.
“E existem ainda os resultados que são difíceis de mensurar em uma prova, como o ganho de repertório cultural, a experiência, o aumento de autoestima. Teve um aluno que não abria a boca e um dia chegou querendo ler para os demais colegas. A professora contou que se surpreendeu, pois ele é uma pessoa extremamente tímida e silenciosa”, conta a gerente.
Durante a pandemia, os encontros foram realizados de forma virtual, através de videochamadas. Se, por um lado, isso restringiu o contato entre criança e voluntário, por outro ampliou o cenário de possibilidade.
“No ano passado, tivemos uma voluntária que estava na África do Sul e atendia uma criança de São Paulo. Durante a conversa, o estudante pediu para ver mais da África. Ela colocou o computador na janela, disse que aquele era um pedacinho da África e eles começaram a ler contos africanos”, pontua Franco. Em 2022, os encontros devem seguir no ambiente virtual.
Ela própria já foi voluntária do projeto, que existe desde 2016. De lá para cá, o programa atingiu 177 duplas, entre São Paulo, Goiás e Bahia. Agora, a ideia é expandir para outros estados, através de outros encontros virtuais.
Para participar o Programa Myra como voluntário, é necessário se inscrever através do site da instituição. Os avisos de novas vagas saem através das redes sociais do programa.
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