Um dos principais nomes do emo do rock brasileiro, a banda Fresno se apresenta pela primeira vez no Lollapalooza no próximo domingo (25).
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O grupo foi formado em 1999, em Porto Alegre. Desde então, já passaram por várias fases, mas sempre conectados às novidades do mundo pop.
Para quem parou no tempo e ficou na fase “Alguém que te faz sorrir”, é bom dar uma boa revisada nos lançamentos posteriores: a Fresno nunca ficou estagnada.
O novo álbum “Vou Ter Que Me Virar” marca o início de uma fase diferente da banda, em que o grupo passa a ser formado por três integrantes, após a saída de Mario Camelo em agosto do ano passado. A turnê do disco será lançada no palco do Lollapalooza.
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O Metro World News conversou com Lucas Silveira, vocalista da Fresno, sobre as expectativas para o Lollapalooza e o momento atual da banda. Confira.
Depois de vários adiamentos, finalmente vem a estreia da Fresno no Lollapalooza. Quais as expectativas da banda para esse momento?
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Acreditamos que fomos chamados em 2020 por conta do trabalho que a gente vinha fazendo com o [álbum] “Sua Alegria Foi Cancelada”, por ter conseguido um frescor que fazia a gente ser interessante pra um festival como o Lolla. Querendo ou não, é um festival que prioriza artistas novos e o que é novidade.
No final de 2021, a gente fez um novo disco e aí o show também evoluiu junto com esse disco. Quando a gente percebeu que o Lolla seria no final de março, pensamos “vai ser o nosso primeiro show”, pra gente ensaiar focado no Lollapalooza e, a partir daí, partir pra nossa turnê individual. E durante esse período sem shows a banda cresceu, acho que muitas pessoas voltaram a ouvir e muitas pessoas que nunca ouviram passaram a ouvir Fresno.
Essa nova fase da banda teria a ver com a volta do pop/rock? Ou com o frescor do som da Fresno?
Está acontecendo (lá nos Estados Unidos principalmente) uma volta de uma sonoridade rock no mainstream, com Olivia Rodrigo e Machine Gun Kelly, nomes que estão trazendo de volta a guitarra para o radiofônico. Mas eu percebo que mais do que o rock, a composição emo voltou a ser moda, até dentro do pop.
Eu não sei o quanto isso influencia o fato das pessoas quererem voltar a ir em show da Fresno. Acho que é muito mais sobre os nossos fãs, desde a adolescência, que agora estão adultos e têm a oportunidade de ir a shows, porque antes eles não tinham dinheiro. E eu acho que também, durante a pandemia, as pessoas colocaram em perspectiva o que é realmente importante. Para essas pessoas que curtem rock, curtem a gente, o show é mais importante.
A pandemia afetou o processo criativo de vocês?
Não. A gente já fez tantos álbuns que, com o tempo, a gente desenvolveu um modus operandi em que a gente consegue trabalhar a distância. A gente fez o “Sua Alegria Foi Cancelada” e o “Vou Ter Que Me Virar” de maneiras muito parecidas: são álbuns que nasceram a partir de um conceito e não a partir de algumas músicas. Assim é mais fácil, você vai construindo o disco. Durante a pandemia, a gente estava com essa calma e tempo suficiente pra poder mandar uma demo e discutir, esteticamente. Isso foi feito no “Sua Alegria” e deu certo, aí a gente fez o “Vou Ter Que Me Virar”.
E ele é amplo, esteticamente. A música “Vou Ter Que Me Virar” é uma faixa que soa predominantemente mais eletrônica. Já a segunda faixa, “FUDEU!!!”, é um punk rock. Isso você só consegue fazer quando está pensando ainda em termos conceituais e não só “bora tocar”. Isso vai abrindo a cabeça do fã mesmo, para ele entender que pode esperar qualquer coisa da gente. Eu acho que esse é o principal propósito: fazer com que a gente sinta tão livre dentro da banda que a gente não precise inventar outros grupos e outros projetos pra desovar nossa criatividade.
E o fã da Fresno aceita isso bem?
A maioria, né? Tem aqueles que falam “pô, mano, eu não estou acostumado”, mas varia. No fundo, mesmo esse fã mais conservador vai encontrar uma ou outra música que vai falar “essa aqui é a única música boa”. Mas a grande maioria aceita de braço aberto, porque sabe que, às vezes, a música no show se transforma.
O show no Lolla vai ter alguma participação? O que o fã da Fresno pode esperar?
A gente vai fazer uma versão diferente da Fresno nesse show. Claro, a grosso modo nada muda, é um show que a gente faria também se fossemos só nós três tocando. Mas, por ser uma ocasião de gala, a gente está afim de se apresentar também de uma maneira que um festival possibilita. Então a gente apelidou essa formação de “Super Fresno”, porque são onze pessoas no palco.
A gente vai tocar umas músicas novas, vai tocar clássicas, mas a gente pensou no fã que vai estar lá e quer muito ver a gente nessa ocasião especial. Às vezes, pode ter uma galera que só iria à noite, mas vai mega cedo por causa da gente. Ou mesmo aqueles que vão estar passando e vão ouvir, falar “caraca mano, Fresno é assim agora?” É uma formação mais luxuosa, com mais instrumentos, vai ter percussão... Isso é o que dá pra adiantar.
Esse é o primeiro álbum da banda sem o Mario Camelo. O que isso muda para vocês?
O Mario entrou em 2010 como músico contratado, e em 2012 como membro. Ele sempre foi comedido na participação em arranjos, mas sempre se dedicava muito ao show. No último disco [”Vou Ter Que Me Virar”], que foi o que ele mais teve participação, ele me devolvia coisas que acabaram tendo muito protagonismo nas músicas. Ele colocou muito dele, muito mais até do que nos outros discos. Agora, a gente colocou o Lucas Romero, que é um baita produtor, ele também toca com a banda Tuyo.
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