As polêmicas em torno dos cachês de cantor Gusttavo Lima ganham um novo capítulo. Agora, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) entrou com uma ação na Justiça para cancelar um show do sertanejo contratado pela Prefeitura de Teolândia, cidade afetada por enchentes no fim do ano passado. O valor cobrado para a apresentação foi de R$ 704 mil.
ANÚNCIO
O pedido do MP-BA foi protocolado na quinta-feira (2). Segundo reportagem da “Folha de S. Paulo”, além de Gusttavo Lima, a ação também pede a suspensão do repasse de verbas para outras 28 atrações que devem se apresentar durante a Festa da Banana, evento tradicional da cidade.
Conforme o MP-BA, o orçamento da festa está em torno de R$ 2,3 milhões, o que corresponde a 40% do que o município destinou à área da saúde durante todo o ano passado. Além disso, o órgão questiona que houve baixo investimento para recuperação da cidade após enchentes que deixaram moradores desabrigados no fim de 2021.
Por enquanto, a Festa da Banana segue prevista para este sábado (4). Já a apresentação de Gusttavo Lima está marcada para domingo (5).
A reportagem tenta contato com a prefeitura de Teolândia e assessoria do sertanejo para que comentem o assunto.
Cachês investigados
Desde que o sertanejo Zé Neto resolveu criticar a existência da Lei Rouanet (saiba mais aqui), ele e diversos outros artistas do sertanejo viram seus cachês investigados. A repercussão online fez com que shows futuros de artistas contratados por prefeituras em todo o país tivessem o cachê divulgado.
Gusttavo Lima virou alvo depois que a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas Gerais, contratou um show dele pelo valor de R$ 1,2 milhão. Ele se apresentaria na cidade no dia 20 de junho, durante a 30ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus Do Matozinhos, mas a apresentação acabou cancelada.
ANÚNCIO
O cancelamento aconteceu após a repercussão dos valores estabelecidos no contrato e a origem do dinheiro. A cifra chegou aos cofres da prefeitura de Conceição do Mato Dentro através da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), um imposto pago pelas mineradoras às cidades onde há atividades minerárias.
A grande questão é que essa verba só pode ser usada em educação, saúde e infraestrutura. Mas ela estava sendo destina para pagar artistas que se apresentariam na 32ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus Do Matozinhos, sob o argumento de “desenvolvimento para a cidade”.
Não bastasse a polêmica em MG, o Ministério Público de Roraima (MPRR) também abriu uma investigação sobre outra contratação de Gusttavo Lima. O cantor está com data marcada para se apresentar em São Luiz, o menor município do estado de Roraima, em dezembro deste ano. Não seria um problema, não fosse o cachê previsto: R$ 800 mil, em uma cidade que não tem mais que 8 mil habitantes (segundo o IBGE).
O show fará parte das atrações da 24ª edição da vaquejada na cidade. Além de Gusttavo Lima, a festa contará com a presença de outros sertanejos famosos, como Cesar Menotti & Fabiano e Solange Almeida.
Choro em live
O sertanejo Gusttavo Lima se pronunciou sobre as acusações de irregularidades em cachês de shows e disse que “não compactua com dinheiro público”. Em live no seu Instagram, na noite de segunda-feira (30), ele se emocionou ao falar do assunto.
Durante a transmissão ao vivo, que durou quase 21 minutos, o cantor desabafou por estar “levando tanta pancada, aguentando calado” e afirmou não saber o motivo de tanta “perseguição e inverdades”. “Eu já trabalho para c**** para ter o meu dinheiro, eu não quero dinheiro do povo (...) De coração, eu juro para vocês que estou cansado, estou a ponto de jogar a toalha”, afirmou.
“Eu nunca me beneficiei ‘sobre’ dinheiro público (...) Eu não compactuo com dinheiro público, sou um cara que tenho meus impostos em dia (...) Sobre shows de prefeitura, acho que todos os artistas fazem ou já fizeram show de prefeitura e isso, na minha forma de pensar, é sobre valorizar a nossa arte”, afirmou ele.