A atriz de 69 anos, Regina Casé, abriu o jogo sobre algumas polêmicas que envolveram seu nome na época do programa Encontro, da TV Globo. Em conversa com Mano Brown, no podcast Mano a Mano desta semana, a atriz falou sobre racismo, carreira e xenofobia.
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O episódio ainda não foi ao ar, mas a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, adiantou alguns trechos da conversa com exclusividade. Durante a entrevista, Regina desabafou ao Mano Brown que a crítica que mais a afetou em toda a sua carreira foi quando “as pessoas falavam: ‘A Regina não gosta de pobre não, não gosta de preto. Ela mora na Zona Sul’”.
E mais ataques de quando ela apresentava o Esquenta, na rede Globo: “O estigma do programa era: ‘Regina só anda com bandido’ (...) Diziam: ‘O ‘Esquenta’ é programa de maconheiro, macumbeiro, veado, bandido...’. Porque (para eles) funkeiro e bandido são sinônimos. Só que o cara que aparecia lá, ninguém sabia o nome. Eles sabem o meu. Então, todo o preconceito contra cada uma dessas pessoas fazia um funil e um ralo e vinha para mim. A vida da gente era ruim pra caramba. De embate na rua”, lembrou a atriz.
Apesar de falar que esse preconceito isso, ela conta que não sofre racismo, já que, no Brasil é vista como quase uma mulher loira: “Eu sou mãe de preto, convivo com um monte de preto no meu dia a dia e me dilacero com cada injustiça e desigualdade a cada dia. E vendo coisas que uma branca não conseguiria ver nem que ela lesse todos os livros, porque você conviver todo dia muda muito. É claro que eu não estou sentindo na minha pele, porque no Brasil eu sou branca. Ainda mais quando você tem grana e é famosa. Eu sou quase loura”.
Na entrevista que irá ao ar nesta quinta-feira, 4 de maio, Regina falou ainda sobre o estigma que os nordestinos enfrentavam antigamente para conseguir algum papel: “Por que Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante não viraram atores dramáticos? Por que eles vão para o humor? Porque só de ele ter aquele sotaque e aquela cara ele é considerado um palhaço”
Ela ainda continuou dizendo que o preconceito é tão forte e tão naturalizado que ninguém conseguiria vê-los num papel sério ou dramático. “Hoje em dia, depois de Lázaro Ramos e Wagner Moura, esse preconceito vem sendo quebrado. Qualquer nordestino era fadado a ficar no humor”.