Desde a estreia de ‘Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton’ na Netflix, em 4 de maio, a minissérie vem causando furor entre o público do mundo todo com uma trama repleta de drama e romance. O primeiro spin-off de Bridgerton se concentra na juventude da rainha Charlotte, sua complicada história de amor com o rei George III e a deterioração progressiva da saúde de seu marido.
De fato, a doença do monarca -que já havia dado o que falar nas primeiras temporadas da série principal- é um dos temas centrais da produção de Shonda Rhimes. Em sua fase juvenil, o personagem interpretado por Corey Mylchreest apresenta comportamentos erráticos, alucinações e mudanças de humor que tenta, sem sucesso, esconder de sua esposa e que afetam toda a sua vida.
A minissérie, que se passa em uma linha do tempo no passado e outra no presente dentro do universo Bridgerton, deixa claro que sua condição é incurável, mas nunca mostra realmente o que é.
Qual a doença do verdadeiro rei George III?
George III nasceu em 1738 e herdou o trono após a morte de seu pai, em 1751. No entanto, foi seu avô, o rei George II, que governou o Reino Unido, até 1760.Um ano depois de assumir o reino, aos 22 anos, o rei se casou com Charlotte de Mecklenburg-Strelitz em um casamento arranjado, a quem conheceu poucas horas antes da grande cerimônia.
Sobre a condição sofrida pelo rei George III, há extensa pesquisa de historiadores e atualmente existem pelo menos três fortes teorias sobre o que causou sua “loucura”.
A primeira é que os problemas mentais do monarca foram desencadeados por uma doença chamada porfiria, um grupo de distúrbios hereditários incuráveis. Segundo a Mayo Clinic, a doença é causada por “um acúmulo de substâncias químicas naturais que produzem porfirina no corpo”.
“As porfirinas são essenciais para o funcionamento da hemoglobina, uma proteína presente nos glóbulos vermelhos que se liga à porfirina, liga-se ao ferro e transporta oxigênio para órgãos e tecidos. Altos níveis de porfirinas podem causar problemas significativos”, explica o site.
Existem dois tipos de porfiria: aguda e cutânea. A primeira afeta o sistema nervoso e causa vários sintomas; entre eles, alterações mentais como ansiedade, alucinações ou paranóia. Os sintomas podem ir e vir com o tempo. Além disso, alguns gatilhos, como o estresse, podem desencadear crises que duram horas ou dias.
O distúrbio explicaria por que George sofria de uma classe de episódios de ansiedade nos momentos mais estressantes. Mas, nem todos os historiadores estão convencidos e por várias razões.
A segunda hipótese é que George III poderia ter sofrido de hipomania, uma doença mental semelhante, mas menos grave, à mania relacionada ao transtorno bipolar. É assim que eles expõem no site oficial da família real britânica. “É possível que nunca saibamos exatamente o que estava acontecendo com o monarca, pode ter sido hipomania”, destacam.
“No entanto, os pesquisadores que estudam suas cartas, descobriram que os picos ocorreram frequentemente em meio a problemas em casa, como a morte prematura de sua filha mais nova, a princesa Amelia (em 1810)”, dizem eles.
De fato, após analisar o uso da linguagem em cartas escritas por ele, pesquisadores da Universidade de Londres concluíram que o rei parecia ser bipolar.
Segundo a BBC, em 2013, os médicos Peter Garrard e Vassiliki Rentoumi descobriram que as orações do monarca eram muito mais longas durante seus surtos de doença.
“George III, quando estava doente, muitas vezes se repetia e, ao mesmo tempo, seu vocabulário se tornava muito mais complexo, criativo e colorido”, descreveu o veículo após falar com os cientistas.
“Essas são características que podem ser vistas hoje na escrita e na fala de pacientes que vivem a fase maníaca de doenças psiquiátricas como o transtorno bipolar”, continuou a nota.
Da mesma forma, Garrard insistiu com certeza: “A porfiria está fora de questão. O que George III sofria era de doença mental”.
A terceira premissa que existe é que George III sofria de insanidade. Alguns pensam que ele sofria de outro distúrbio, enquanto outros acreditam que suas doenças foram derivadas de seus medicamentos e tratamentos.
No final, parece que a doença que afligiu esta figura histórica nunca ficará clara, o que explica por que a rainha Charlotte também não mergulhou no sofrimento de sua versão de George III.