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‘The New Look’ poderia se tornar o espetáculo do ano

O passado de Coco Chanel e Christian Dior é revisitado no programa ‘The New Look’

The New Look
The New Look Roger / DO MINH (Roger DO MINH)

O drama histórico ‘The New Look’ conta a fascinante história de como o ícone da moda Christian Dior e seus contemporâneos navegaram pelos horrores da Segunda Guerra Mundial e lançaram a moda moderna no processo.

Produzido por Lorenzo di Bonaventura, o espetáculo foi criado pelo diretor e roteirista Todd A. Kessler, com um elenco talentoso que inclui Ben Mendelsohn, Juliette Binoche, Maisie Williams e John Malkovich. 'The New Look' apresenta dois shows que acontecem ao mesmo tempo.

"Não vejo isso exatamente como dois espetáculos separados, porque tudo acontece no mesmo contexto pós-guerra, ou durante a guerra, durante a ocupação nazista. Para mim, é um momento da história em que todas as pessoas que estavam vivas foram afetadas, e o que vivemos na história são dois indivíduos extraordinários e como eles sobreviveram, as decisões que tomaram e o que aconteceu depois da guerra, ou depois que a França foi libertada. A experiência é que todos estão no mesmo caldeirão, e então seguimos as histórias de Christian Dior e Coco Chanel", explicou Kessler ao Metro.

Para a maioria das pessoas cujas ligações com o nazismo foram tão diretas e até mesmo conhecidas na época, como no caso de Coco Chanel, isso se torna a primeira frase de seu obituário. Mas, até certo ponto, parece histórico que Coco Chanel tenha escapado um pouco disso. Algumas pessoas a conhecem e falam sobre ela, mas para outras ela não está absolutamente em seu radar.


Coco Chanel e a história

"Não posso dizer por que não está nos radares de algumas pessoas, mas a história é que Walter Schellenberg testemunhou nos julgamentos de Nuremberg. Esse depoimento foi selado porque fornecia muitas informações. Só foi aberto cerca de 40 anos depois, por volta de 1987. E, até então, muitas das pessoas das quais ele havia falado já haviam falecido, então não foi notícia naquele momento. Essa é uma das razões pelas quais grande parte dessa história permaneceu oculta e nós estamos contando boa parte dela pela primeira vez. Ela está documentada em livros e agora estamos dando vida a ela em 'The New Look'", acrescenta Kessler.

Na primeira cena deste drama de guerra, vemos Coco Chanel, uma majestosa Juliette Binoche, fumando um cigarro com atitude guerreira na sala de sua Maison. Na cena seguinte, vemos Christian Dior, interpretado por Ben Mendelsohn, aterrorizado dando uma coletiva de imprensa na Sorbona. Mendelsohn e Binoche têm interpretado muitos personagens criados e fictícios, mas agora interpretam pessoas reais usando músculos interpretativos enraizados na realidade dos papéis.

"Claro, no início você pensa sobre isso, porque bem, são pessoas reais. Então você tem que ter cuidado com como se comporta e tudo mais. Mas chega um momento em que você tem que ser livre. As raízes da infância são muito importantes porque assim você entende de onde vem, todos os comportamentos e traumas, e o mecanismo do comportamento... Enquanto estávamos filmando, sentia que tinha que ser Chanel de certa forma. Não há outra maneira. Tem que ser um ser humano que a cria e as circunstâncias estão escritas, e os fatos estão escritos, e inspirados em fatos da vida real. Então você tem que confiar que vai dar certo", explicou Binoche.

Antes da Segunda Guerra Mundial, Coco Chanel havia contribuído para a libertação da mulher criando roupas bonitas, porém funcionais, ou seja, designs sem espartilhos ou complicações que permitiam às suas usuárias se moverem com maior liberdade. Por outro lado, a silhueta que Dior introduziu em 1947 era severa em sua feminilidade, com cintura apertada, ombros estruturados e saltos altos, e foi batizada de "O Novo Look", daí o título da série da Apple TV+. Chanel via isso como um retrocesso que doía ainda mais quando seus designs se tornaram queridos. Em última análise, a série se refere à versão atual da marca Chanel.

"Concentramo-nos no período dos anos 40 e na guerra, assim decidimos fazer a série sobre isso", revelou Kessler.

E acrescentou: "Também diria que, ao elaborar a história, ao elaborar a temporada, era muito importante que não pudéssemos retratar a história de todas as pessoas com as quais esses personagens entraram em contato. Para o personagem interpretado por John (Malkovich), Lucien Lelong, que é o chefe da Dior, e para o personagem interpretado por Maisie, Catherine Dior, que é a irmã mais nova de Dior, tentamos trazer diferentes elementos dos personagens que se relacionam com Christian Dior, que se relacionam com Coco Chanel. Cada um tem sua própria vida e todos estão traumatizados pela guerra. Então, de muitas maneiras, os aspectos da narrativa tentam selecionar diferentes partes do trauma da ocupação da Segunda Guerra Mundial e as escolhas que as pessoas fizeram durante esse tempo e depois".

Ética e moral divididas

A série está cheia de pessoas com uma ética e uma moral divididas, sendo Catherine Dior, a irmã de Christian, a exceção. Maisie Williams interpreta uma verdadeira heroína. A exceção à regra.

"Eu não sabia muito sobre Catherine antes de começar a série e, conversando com Adam e lendo alguns livros, aprendi mais sobre sua incrível história. Eu conhecia as musas da Dior, mas acho que saber mais sobre Catherine e sua história real, e perceber que essa casa de moda nasceu dela sendo uma musa original, foi muito interessante para mim. Pareceu algo distante da minha ideia de Miss Dior. Mas em relação a interpretar uma heroína, acho que ela teve uma vida incrível. E nesta história, acredito que ela se torna uma pessoa de esperança na vida de Dior e alguém inerentemente bom. Acho que ela foi uma mulher incrível e foi uma oportunidade incrível interpretá-la", disse Williams.

A atriz concluiu: “Acredito que todos esses personagens, se tivessem a opção de escolher entre viver o que viveram ou não vivê-lo, teriam escolhido não vivê-lo. Portanto, a ideia de que o heroísmo seja atribuído a Catherine na vida real lhe parece muito desconfortável. É uma experiência interessante tentar retratar personagens cujo único objetivo é sobreviver”.

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