A falta de atores negros nas produções brasileiras desmotivou e chocou Zezé Motta, que ficou eternizada como Xica da Silva, protagonista do filme de mesmo nome de Cacá Diegues lançado em 1976.
A atriz contou o choque de realidade durante o programa especial Tributo, que vai ao ar nesta sexta-feira (10) na Globo.
“Éramos realmente meia dúzia de atores negros em cena”, afirmou a famosa atriz homenageada no especial que chega ao fim nesta semana.
Zezé Motta recorda que durante as gravações era preciso fazer um revezamento: “Quando a Neusa Borges estava em cena, não tinha lugar para mim, pois éramos contemporâneas”.
Segundo a homenageada do Tributo na Globo, o mesmo acontecia com atrizes negras veteranas: “Quando a Chica Xavier estava em cena, não tinha lugar para a Ruth de Souza”, lamentou a famosa.
Diante disso, ao longo da carreira, Zezé Motta criou um banco de dados para que atores negros estejam cada vez mais nas produções brasileiras, seja na televisão, cinema ou teatro.
No Tributo Zezé Motta, a atuação da atriz em prol do protagonismo negro no audivisual é destacada por diversos colegas de profissão como Antonio Pitanga, Camila Pitanga, Sheron Menezzes, Luís Miranda, Elisa Lucinda, Rita Batista, Léa Garcia, entre outros, além do diretor Cacá Diegues, com quem a famosa trabalhou em 1976.
Zezé agradece homenagem em vida
Com mais de 70 filmes e muitas novelas, a carreira de Zezé Motta não foi esquecida. Mas, a atriz revela que ficou sem entender as razões para ser homenageada na série original Globoplay.
“Eu confesso que fiquei meio sem entender. Mas, depois eu pensei: ‘eu sou da década de 1940. São 55 anos de carreira’”, disse a famosa, que reforça que nunca foi esquecida pelo público.
“As pessoas na rua me tratam, às vezes, igual a uma entidade. Concluo que, talvez, realmente, minha vida seja interessante para ser contada. Eu me senti feliz, honrada, respeitada”.