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Provocação ou arte? As interpretações do novo retrato de Charles III

A pintura de Jonathan Yeo trouxe à tona discussões sobre o passado colonial britânico e suas consequências sangrentas

Charles III por Jonathan Yeo - Foto: Reprodução
Charles III por Jonathan Yeo - Foto: Reprodução

Poucos monarcas no mundo simbolizam tão bem a decadência da monarquia quanto o rei britânico Charles III. Enquanto o espanhol Felipe de Bourbon tem se destacado, apesar dos escândalos envolvendo seu pai, Juan Carlos, e seu cunhado preso por corrupção, Charles enfrenta um desafio diferente.

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Aos 75 anos, ele não possui a jovialidade que poderia dar um ar de renovação ao sistema monárquico, nem parece ter adquirido a sabedoria esperada dos mais velhos.

Em setembro de 2022, uma das primeiras aparições públicas de Charles como rei foi marcada por cenas patéticas, nas quais ele ordenava os empregados para que limpassem sua mesa, parecendo um menino mimado em plena terceira idade.

O novo retrato oficial de Charles III, pintado por Jonathan Yeo, gerou controvérsias. O quadro, revelado recentemente, foi descrito como um possível sincericídio, consciente ou inconsciente, por parte do artista.

Durante o domínio britânico na Índia, entre 12 e 29 milhões de pessoas morreram de fome, e Winston Churchill, durante a Segunda Guerra Mundial, desviou alimentos de Bengala para os soldados britânicos, resultando na morte de mais de 4 milhões de bengalis. Na África, os britânicos estabeleceram campos de concentração na África do Sul, onde apoiaram o apartheid para continuar explorando os diamantes do país.

Retrato ou traição?

No final do século XIX, os britânicos enfrentaram os boêres na África do Sul, estabelecendo mais de 100 campos de concentração onde dezenas de milhares de pessoas, incluindo crianças, morreram de fome e doenças.

As postagens nas redes sociais associaram o vermelho do retrato ao sangue derramado pelo colonialismo britânico, com algumas pessoas sugerindo que o verdadeiro nome do quadro deveria ser “O Sangue que o Império Britânico Derramou em Todo o Mundo Está em Minhas Mãos”.

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Outra interpretação do quadro é ainda mais sombria, sugerindo que Charles parece estar queimando no inferno. Alguém chegou a notar que, ao virar o quadro de cabeça para baixo e espelhar a imagem, surge a figura de um ser satânico.

Isso gerou especulações sobre se Jonathan Yeo teria intencionalmente pregado uma peça na realeza britânica. Yeo, conhecido por suas provocações ao mundo político, já havia feito uma colagem de George W. Bush usando recortes de revistas pornográficas em 2007, após um cancelamento de encomenda oficial.

Com este histórico, a monarquia britânica deveria estar preparada para a controvérsia gerada pelo retrato. A pintura será exibida no Draper’s Hall, a 6 km do Palácio de Buckingham, longe dos olhos e da “sensibilidade com a natureza” de Sua Majestade.

No entanto, a controvérsia em torno do retrato e suas interpretações sombrias permanecerão como um lembrete do legado colonial britânico e dos desafios contemporâneos enfrentados pela monarquia.

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