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Cena de “Ainda Estou Aqui” revive memórias de medo do passado de Fernanda Torres

A produção foi escolhida para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional de 2024.

Ainda Estou Aqui - Fernanda Torres
Ainda Estou Aqui O filme protagonizado pela atriz Fernanda Torres representa o Brasil no Oscar 2025 (Divulgação/Reprodução)

“Ainda Estou Aqui” é um emocionante drama dirigido por Walter Salles, escolhido para representar o Brasil na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional em 2024. Protagonista da trama, Fernanda Torres relembrou uma cena que causou “gatilhos” durante a produção.

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Em uma das cenas, Vera, filha de Eunice Paiva, é parada por militares durante uma blitz no Rio de Janeiro. Com a arma de um policial apontada para sua cabeça, ela sai do carro com as mãos para cima. Junto aos amigos, é forçada a se alinhar contra a parede suja do túnel, onde é revistada.

Um militar compara os rostos dos jovens com fotos de pessoas procuradas, sob a acusação de conspiração contra o regime. Essa cena causou um forte impacto em Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, a advogada que luta para descobrir o destino de seu marido, Rubens Paiva, morto pela ditadura militar nos anos 1970.

“Podia ter sido eu dentro daquele carro”, disse Fernanda, em conversa com a jornalista Maria Fortuna, segundo o GLOBO.

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“Na minha adolescência inteira estive em carros como aquele, e a gente sempre teve medo de ser parado pela polícia. Os estudantes brancos eram alvo na época. Eunice entendeu, na maioria, quando se formou na advocacia, que a violência do Estado não era diferente do que acontece todo dia nas periferias, e com os indígenas. Que o que havia acontecido com ela é o que acontece diariamente num Estado de polícia truculenta com que a gente se acostumou no Brasil, mesmo depois do fim da ditadura. Precisa entender porque isso aconteceu. Um jovem que já cresceu num país democrático e não num país fechado como eu, acha que a democracia é normal”, continuou.

“O filme me fez entender que o movimento estudantil era feito por pessoas muito jovens e despreparadas. Existe uma diferença entre esse despreparo dessas pessoas e um Estado autoritário que oficialmente cria uma máquina de terror. Isso não dá. Nem para um jovem liberal que não se lembra do que foi a ditadura e acha que um pouco de Estado autoritário talvez resolva o problema do Brasil”, completou.

O longa-metragem acompanha a jornada de Eunice Paiva (interpretada por Fernanda Torres), uma advogada determinada a descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva, um político e engenheiro morto pela ditadura militar nos anos 1970. A trama mistura questões pessoais com o contexto histórico do regime militar, oferecendo um retrato emocionante e dramático das consequências desse período sombrio da história brasileira.

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